Produzida pelo cérebro humano e descoberta em 1992, a anandamida – também conhecida como “substância da felicidade” – pode ter efeitos analgésicos, ansiolíticos e antidepressivos, semelhantes aos do THC, componente da espécie vegetal cannabis sativa, popularmente conhecida como maconha. Fabrício Moreira abordará os avanços nos estudos sobre cannabis, canabinoides e endocanabinoides; Jaime Hallak, do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento (USP), falará sobre Cannabis e psicose; e Francisco Guimarães, do Departamento de Farmacologia (USP) discutirá o potencial terapêutico do canabidiol. Já a psicóloga Viviane Saito, mestranda do programa de pós-graduação em Neurociências do ICB, vai falar sobre possíveis efeitos ansiolíticos e antidepressivos dos canabinoides.
“Queremos entender melhor as funções dessa substância endógena”, explica o professor Fabrício Moreira, que desenvolve, na UFMG, pesquisas sobre a anandamida, o THC e outras propriedades da cannabis sativa, em colaboração com o Instituto Max Planck de Psiquiatria de Munique (Alemanha) e com os departamentos de Neurociências e de Farmacologia da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão Preto.
Moreira comenta que o principal desafio – e ao mesmo tempo a abordagem mais promissora – talvez seja aumentar os níveis da anandamida no cérebro, de modo a potencializar os efeitos benéficos da substância, que funcionaria como medicamento, e evitar a administração de THC. “Desde as décadas de 1980 e 90, começamos a entender como a maconha interfere em sítios específicos do cérebro, mas ainda não se sabe como evitar completamente seus efeitos deletérios", explica.
No laboratório de Neuropsicofarmacologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), Fabrício Moreira e a professora Daniele Aguiar testam em animais experimentais os efeitos da anandamida e do THC. Além disso, estudam outras substâncias da maconha, a exemplo do canabidiol, com o intuito de contornar os problemas advindos do uso do THC.
“Em colaboração com a USP de Ribeirão Preto, já identificamos diversas propriedades farmacológicas do canabidiol”, diz Moreira, que esta semana viaja para Munique, onde permanecerá até o final de julho, para dar continuidade aos estudos sobre o tema. Na última semana no mês, ele participa, na Suécia, de congresso da Sociedade Internacional de Pesquisa em Canabinoide.
Simpósio de neurociências
Cannabis e canabinoides também serão tema de mesa-redonda no dia 4 de setembro, no campus Pampulha. A discussão, que integra a programação do 4º Simpósio de Neurociências da UFMG, reunirá pesquisadores da UFMG e da USP.
Mais informações sobre o 4º Simpósio de Neurociências da UFMG podem ser obtidas no endereço www.ufmg.br/4simposioneurociencias.