Quando uma pessoa quebra uma perna, muitas vezes basta imobilizar o membro para que o osso se recupere. Algumas vezes, no entanto, ocorre perda óssea. Nesses casos, é preciso lançar mão de biomateriais, como o titânio, para auxiliar no processo de cicatrização. Trata-se de um processo lento. Na odontologia, por exemplo, a integração do titânio com o osso em implantes dentários pode demorar cerca de três meses. Reduzir esse tempo é o desafio de equipe de pesquisadores da UFMG. Eles demonstraram que, ao revestir o titânio com nanotubos de carbono funcionalizados com ácido hialurônico, o período de cicatrização pode ser reduzido pela metade. “Realizamos pesquisas em três frentes. A primeira ideia era usar o ácido hialurônico sozinho, mas depois começamos a investigar os nanotubos de carbono funcionalizados com essa substância para melhorar as propriedades físico-químicas dela”, explica o coordenador da pesquisa, professor Anderson José Ferreira, do departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB). Por enquanto, os estudos estão concentrados na área odontológica. Segundo Ferreira, os resultados obtidos com testes em animais são animadores. O professor diz que o próximo passo é a pesquisa com humanos e que um projeto nesse sentido está sendo enviado para a Comissão de Ética em Pesquisa envolvendo Seres Humanos (Coep). “O ácido hialurônico já é bastante utilizado em cosméticos, por exemplo, então não devemos encontrar dificuldades para conseguir a aprovação”, diz. O produto já tem pedido de patente depositado no Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Os pesquisadores também estão negociando a transferência de tecnologia para uma empresa. Mais rápido e mais barato O professor diz que, em breve, serão feitos estudos usando a tecnologia para realizar enxertos ósseos na tíbia, o segundo maior osso humano, que fica abaixo do joelho. Atualmente, o titânio é um dos materiais mais usados para recompensar a perda óssea nessa região - uma peça do material é inserida no osso, auxiliando em sua recomposição. “Ele é uma parte morta do osso”, resume o pesquisador. Além de diminuir o tempo de cicatrização, os nanotubos de carbono funcionalizados com ácido hialurônico também devem reduzir os custos do procedimento. “O preço deve cair ainda mais com a implantação do Centro de Tecnologia em Nanotubos da UFMG”, reflete Ferreira. Os demais autores da tecnologia são os professores Gerluza Aparecida Borges Silva do Departamento de Morfologia do ICB e Luiz Orlando Ladeira, do Departamento de Física do Instituto de Ciências Exatas e Renato Melo Mendes, mestre em biologia celular pela UFMG.
Além de partir para os testes em humanos, os pesquisadores também se preparam para realizar a pesquisa em defeitos ósseos mais complexos. “Quando a pessoa extrai um dente é formada uma cavidade óssea, mas esse é um defeito pequeno. Queremos explorar defeitos maiores”, pontua Ferreira.