A sequência de eleições presidenciais pós-democratização configurou certa estabilidade ao quadro partidário brasileiro em um sistema “altamente fragmentado” e marcado por partidos sem vínculos “pelo menos razoáveis” com o eleitorado. De um lado, o PT, que lidera coligação formada por um aliado constante – o PCdoB – e dois condicionados – PSB e PDT. Do outro, o PSDB, com o DEM, parceiro de primeira hora e, mais recentemente, o PPS. Entre os “dois pontos de amarração”, oscilam PMDB, PP e PTB que, com suas bancadas no Congresso, “jogam com a possibilidade de aderir ao governo de plantão”. Essa análise é feita pelo professor Carlos Ranulfo Félix de Melo, do departamento de Ciência Política da Fafich, no artigo Os partidos e as eleições presidenciais no Brasil, publicado na edição de junho da Revista Em Debate, publicação mensal eletrônica vinculada ao grupo de pesquisa Opinião Pública, Marketing Político e Comportamento Eleitoral da UFMG. No artigo, Ranulfo discorre sobre a consolidação do sistema partidário brasileiro nos últimos anos a partir de três prioridades: a presidência, os governos estaduais e uma grande bancada no Congresso Nacional. Por esse viés, escreve o professor, apenas “PT e PSDB vêm apresentando uma consistente 'vocação presidencial', tendo lançado candidatos competitivos desde a eleição inaugural” [1989]. Juntos, os dois partidos amealharam, em média, 81,5% dos votos no primeiro turno nas quatro últimas eleições presidenciais. O cientista político também analisa o papel exercido pelos coaadjuvantes na cena partidária nacional. São os casos do DEM, dono de um perfil político bem definido – de oposição ao governo Lula e de caráter neoliberal –, mas que vem perdendo espaço no Congresso Nacional e nos estados, e do PMDB, legenda que há muito não ambiciona mais a Presidência e se manteve, segundo Ranulfo, “como um agregado de interesses regionais precariamente unificados pela maximização de cargos no plano federal”. O artigo do professor Ranulfo integra edição temática do periódico voltada para a discussão do papel a ser desempenhado pelos partidos políticos nas eleições de 2010. A publicação traz também reflexões de Maria do Socorro Braga, da Universidade Federal de São Carlos, Lúcio Rennó, da Universidade de Brasília, e uma entrevista com o deputado federal Eliseu Padilha (PMDB-RS). A íntegra do artigo do professor Carlos Ranulfo pode ser lida aqui.