Universidade Federal de Minas Gerais

Fotos Mariana Garcia
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Cena de batalha: duelo de rimas

Resistência no discurso de rappers de BH exalta valores como solidariedade, revela monografia da Comunicação

segunda-feira, 19 de julho de 2010, às 7h10

Como os discursos de resistência se materializam em versos, rimas e gestos nos duelos de MCs de todas as sextas-feiras debaixo do Viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte? Foi munida dessa pergunta central que Carolina Abreu Albuquerque chegou pela primeira vez, no dia 12 de março, à arena que abriga as já famosas batalhas dos rappers da capital mineira. Ela iniciava ali a pesquisa de campo para a monografia que fechou sua habilitação em jornalismo no curso de Comunicação. Três meses depois, Carolina tinha encontrado diversas respostas. “Eles exaltam a marginalidade, mas em sentido diferente daquele do discurso hegemônico, e valores que guiam em geral os movimentos sociais, como a solidariedade”, ela resume.

Carolina destaca que, se a atuação do movimento hip hop, nos anos 1980 e 90, esteve ligada, entre outras bandeiras, à valorização da cultura negra e da periferia e à reivindicação da cidadania, ele dá sinais claros de renovação, incorporando outras lutas dos movimentos sociais e dialogando com a indústria cultural. “O movimento sai da periferia e ocupa o centro, trazendo a classe média para dentro de suas ações. E recorre a novas abordagens em relação ao poder público”, afirma a jornalista no trabalho Debaixo do viaduto – Performances da resistência no duelo de MCs.

Neófita no que se refere ao rap – “meu conhecimento se resumia a um disco do Gabriel, O Pensador que estourou nas paradas quanto tinha nove anos”, ela conta –, Carolina escolheu seu tema a partir de interesses teóricos. Para iniciar sua pesquisa, ela precisou aprender que as batalhas de MCs são comuns desde os guetos nova-iorquinos, berço do rap, e invadiram o espaço urbano brasileiro. As batalhas lembram o repente nordestino, com provocações e respostas improvisadas e calcadas no recurso da rima. O Duelo de MCs, que existe desde 2007, é promovido pelo coletivo Família de Rua.

Observação participante
Carolina Albuquerque tomou emprestada da etnografia a posição de observadora participante: frequentava os eventos todas as sextas-feiras como espectadora comum e mantinha conversas espontâneas. Assistia desde os primeiros rounds envolvendo oito MCs, dois a dois, passando pelas rodas de break e poesia urbana no intervalo até chegar aos duelos finais. Um episódio de briga que provocou a interrupção do evento por cinco semanas acabou servindo para enriquecer a pesquisa. “Aquilo incrementou a campanha pela paz que tem marcado o movimento, reforçando reivindicações antigas do grupo. Na volta dos duelos, eles conseguiram não só apoio de policiamento, mas também banheiros químicos e iluminação”, conta a pesquisadora.

Segundo ela, a interrupção revelou aspectos atuais da postura política do movimento hip hop, que atua na legalidade e com base na negociação. Carolina ressalta que o coletivo encaminha suas questões com o poder público recorrendo a argumentos. “Além disso, chama a atenção a forma como eles desenvolvem suas ações políticas e, articulação a outros movimentos sociais, como os que defendem as mulheres ou condenam a violência”, ela explica.

‘Heróis dos vagabundos’
Para efeito de análise, Carolina dividiu as batalhas em dois tipos. Nos duelos tradicionais, os oponentes incorporam personagens, com o objetivo de destruir um ao outro com violência simbólica, que respeita regras como não usar palavrões. Nesse contexto, segundo ela, manifesta-se a resistência individual. “São as batalhas de afirmação como MCs, quando eles se classificam como ‘heróis dos vagabundos’. O hip hop como expressão da periferia aparece como pano de fundo”, Carolina explica.

O outro gênero de duelo é chamado “de conhecimento”. Sob inspiração de palavras-chaves, os versos giram em torno de temas como meio ambiente. O movimento hip hop ganha então o primeiro plano, e seus membros defendem ideias mais amplas. “As duas posturas não são conflitantes, convivem no imaginário do hip hop. A noção de resistência se alarga”, define Carolina Albuquerque.

Sem perder o discurso contracultural, o movimento logra novas conquistas, como influir positivamente no espaço urbano. “A ida da Família de Rua para o Viaduto Santa Tereza (os duelos eram realizados originalmente na Praça da Estação) provocou mudanças no local, que hoje é habitável e não inspira insegurança nos passantes e frequentadores”, comemora a jornalista recém-formada, que confirmou o gosto pela pesquisa e se prepara para tentar em breve o mestrado.


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