Universidade Federal de Minas Gerais

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Protótipo de invento do Coltec

SBPC: tecnologia de alunos do Coltec permite utilização de bebedouros públicos sem o contato das mãos

segunda-feira, 26 de julho de 2010, às 7h39

Pensar na figura de um cientista pode trazer à mente a ideia de um senhor de jaleco, trancado em uma sala, fazendo seus experimentos. Há quem pense que o cientista é aquele que desenvolve experimentos complexos e distantes dos problemas cotidianos. Na contramão disso, alunos do Colégio Técnico (Coltec) da UFMG provam que ciência também se faz no dia a dia; nesse caso, a ideia partiu de algo simples: como utilizar o bebedouro sem o contato das mãos?

Sob a orientação do professor Giovane Azevedo, os jovens Igor Alvim, Jorge Henrique Borges, Lorena Faria e Priscila Silva desenvolveram o Protótipo de adaptador mecânico para bebedouros. A observação de problemas reais, como o risco do contágio de doenças, entre elas a gripe suína, por meio de contato da pele com o bebedouro, motivou os alunos a criarem o mecanismo. “Os projetos quase sempre tem como idéia inicial o desenvolvimento de novas tecnologias ou de soluções para situações-problema”, revela Priscila Silva. O experimento será divulgado na SBPC, que acontece durante esta semana na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN),


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Uma idéia, muitos benefícios
Com a idéia em mente, o primeiro passo foi a pesquisa dos bebedouros existentes, de modo que o adaptador tivesse um encaixe perfeito. Foram escolhidos dois modelos básicos para que a fase de desenvolvimento tivesse início. O protótipo funciona por meio de um conjunto mecânico constituído por pedal, duas hastes (uma horizontal e outra vertical) ligadas à torneira e duas tiras de metal presas à estrutura do bebedouro por pressão. Esta estrutura simples e de fácil adaptação, permite que a torneira do bebedouro seja acionada toda vez que o pedal é pressionado.

Uma das preocupações do grupo foi em relação ao material utilizado. As opções encontradas foram o aço inox ou alumínio, pois além do baixo custo e da durabilidade, são resistentes a corrosão que poderia ser provocada pelo contato constante com a água.

Segundo o professor Giovane Azevedo, os estudantes se envolveram em todo o processo de elaboração do adaptador. “Os jovens, em sua maioria alunos do curso de Instrumentação, foram responsáveis pela pesquisa, levantamento de dados e construção dos modelos”, relata.

Integrante do projeto desde o início de 2010, Priscila Silva diz que se interessou pela idéia devido à possibilidade de desenvolver algo prático e barato que ajudasse a solucionar problemas cotidianos. A jovem, que já participou de outros dois projetos, conta que a produção do adaptador foi importante pela “oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos na sala de aula,” ressalta.

Para todos
Além dos benefícios à saúde, o protótipo tem também caráter inclusivo, “O adaptador proporciona melhor acesso dos bebedouros à população, principalmente aos deficientes físicos, que não tem mobilidade nos membros superiores”, observa Azevedo. Nesse aspecto, a tecnologia é considerada um avanço, pois permite que pessoas portadoras de diversas deficiências usem sozinhas bebedouros comuns.

Como o adaptador não causa grandes alterações no corpo do bebedouro, pode ser uma alternativa viável para o mercado, devido a sua facilidade de implantação e baixo custo. No entanto, o professor destaca que, apesar de possível, a inserção do protótipo no mercado depende de outros fatores e pessoas que possam assumir esta interface. “O processo de estudo, de viabilidade econômica e principalmente registro de patentes é demorado, trabalhoso e exige muito tempo”, pondera.

Nesta sexta, 30 de julho, os idealizadores do projeto participam da 62° SBPC Jovem, com a apresentação de pôster. Para Giovane Azevedo, a presença no evento além de garantir visibilidade e reconhecimento profissional, é uma forma de buscar validação e trocar experiências com futuros usuários e avaliadores.“A SBPC será uma oportunidade de divulgar nosso trabalho e de estar em contato com outros projetos”, confirma a aluna Priscila Silva.

(Reportagem feita pela aluna de Comunicação Fabíola Souza, bolsista da Assessoria de Comunicação da Pró-Reitoria de Extensão da UFMG, especialmente para a cobertura da SBPC)