Pensar na figura de um cientista pode trazer à mente a ideia de um senhor de jaleco, trancado em uma sala, fazendo seus experimentos. Há quem pense que o cientista é aquele que desenvolve experimentos complexos e distantes dos problemas cotidianos. Na contramão disso, alunos do Colégio Técnico (Coltec) da UFMG provam que ciência também se faz no dia a dia; nesse caso, a ideia partiu de algo simples: como utilizar o bebedouro sem o contato das mãos? Sob a orientação do professor Giovane Azevedo, os jovens Igor Alvim, Jorge Henrique Borges, Lorena Faria e Priscila Silva desenvolveram o Protótipo de adaptador mecânico para bebedouros. A observação de problemas reais, como o risco do contágio de doenças, entre elas a gripe suína, por meio de contato da pele com o bebedouro, motivou os alunos a criarem o mecanismo. “Os projetos quase sempre tem como idéia inicial o desenvolvimento de novas tecnologias ou de soluções para situações-problema”, revela Priscila Silva. O experimento será divulgado na SBPC, que acontece durante esta semana na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Uma das preocupações do grupo foi em relação ao material utilizado. As opções encontradas foram o aço inox ou alumínio, pois além do baixo custo e da durabilidade, são resistentes a corrosão que poderia ser provocada pelo contato constante com a água. Segundo o professor Giovane Azevedo, os estudantes se envolveram em todo o processo de elaboração do adaptador. “Os jovens, em sua maioria alunos do curso de Instrumentação, foram responsáveis pela pesquisa, levantamento de dados e construção dos modelos”, relata. Integrante do projeto desde o início de 2010, Priscila Silva diz que se interessou pela idéia devido à possibilidade de desenvolver algo prático e barato que ajudasse a solucionar problemas cotidianos. A jovem, que já participou de outros dois projetos, conta que a produção do adaptador foi importante pela “oportunidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos na sala de aula,” ressalta. Para todos Como o adaptador não causa grandes alterações no corpo do bebedouro, pode ser uma alternativa viável para o mercado, devido a sua facilidade de implantação e baixo custo. No entanto, o professor destaca que, apesar de possível, a inserção do protótipo no mercado depende de outros fatores e pessoas que possam assumir esta interface. “O processo de estudo, de viabilidade econômica e principalmente registro de patentes é demorado, trabalhoso e exige muito tempo”, pondera. Nesta sexta, 30 de julho, os idealizadores do projeto participam da 62° SBPC Jovem, com a apresentação de pôster. Para Giovane Azevedo, a presença no evento além de garantir visibilidade e reconhecimento profissional, é uma forma de buscar validação e trocar experiências com futuros usuários e avaliadores.“A SBPC será uma oportunidade de divulgar nosso trabalho e de estar em contato com outros projetos”, confirma a aluna Priscila Silva. (Reportagem feita pela aluna de Comunicação Fabíola Souza, bolsista da Assessoria de Comunicação da Pró-Reitoria de Extensão da UFMG, especialmente para a cobertura da SBPC)
Uma idéia, muitos benefícios
Com a idéia em mente, o primeiro passo foi a pesquisa dos bebedouros existentes, de modo que o adaptador tivesse um encaixe perfeito. Foram escolhidos dois modelos básicos para que a fase de desenvolvimento tivesse início. O protótipo funciona por meio de um conjunto mecânico constituído por pedal, duas hastes (uma horizontal e outra vertical) ligadas à torneira e duas tiras de metal presas à estrutura do bebedouro por pressão. Esta estrutura simples e de fácil adaptação, permite que a torneira do bebedouro seja acionada toda vez que o pedal é pressionado.
Além dos benefícios à saúde, o protótipo tem também caráter inclusivo, “O adaptador proporciona melhor acesso dos bebedouros à população, principalmente aos deficientes físicos, que não tem mobilidade nos membros superiores”, observa Azevedo. Nesse aspecto, a tecnologia é considerada um avanço, pois permite que pessoas portadoras de diversas deficiências usem sozinhas bebedouros comuns.