Universidade Federal de Minas Gerais

Rodrigo Bastos
barroco.JPG
Matriz do Pilar

Tese premiada reinterpreta arquitetura mineira do século 18 por meio de conceitos da época

terça-feira, 3 de agosto de 2010, às 7h25

Pensar a arquitetura religiosa do século 18 em Minas Gerais à luz de preceitos daquela época. Era esse o principal desafio do professor Rodrigo Bastos, da Escola de Arquitetura da UFMG, ao iniciar sua tese de doutorado em 2005. Até então, a arquitetura do período era analisada a partir de conceitos dos séculos 19 e 20, como originalidade, evolução de estilos e partido.

A pesquisa começou no mestrado, em 2003, quando Bastos se propôs a revisar um senso comum existente na história do urbanismo. “Na historiografia das cidades do século 18, predominava, sobretudo em Minas Gerais, a ideia de que elas teriam sido espontâneas, desordenadas e irregulares”, observa. Por meio do estudo sistemático das formações urbanas, de documentos primários e tratados de época, o professor provou, no entanto, que tais povoações seguiam preceitos fundamentais – como as doutrinas de conveniência e adaptação – que balizavam cidades erguidas em Portugal e em suas colônias.

No doutorado, ele ainda se debruçou sobre a reconstituição histórica do sentido de doutrinas e preceitos antigos, como decoro, decência, formosura, asseio, elegância, engenho, maravilha, discrição e agudeza, cujos sentidos acabaram transformados ou esquecidos a partir do século 19. “A palavra asseio é empregada, desde o século 19, com o sentido de higiene e limpeza. Mas no século 18, e até antes, referia-se a fábricas e objetos inventados e executados com elegância e primor”, diz. Para desenvolver a pesquisa, Rodrigo Bastos estudou latim e recorreu novamente a documentos primários, disponíveis em Belo Horizonte, Mariana, Ouro Preto, Rio de Janeiro, Portugal e Itália.

Ele também analisou tratados de arquitetura, retórica, poética e teologia da época. Defendida no ano passado, sua tese, intitulada A maravilhosa fábrica de virtudes: o decoro na arquitetura religiosa de Vila Rica, Minas Gerais (1711-1822), recebeu em junho último o Prêmio Marta Rossetti Batista, do Instituto de Estudos Brasileiros da USP. Segundo o docente, a mentalidade artística do século 18 determinava a imitação do ‘costume’, o que pressupunha que as obras deveriam ser produzidas a partir de um modo ‘comprovadamente’ correto para os padrões da época. “Isso repousa em um conceito fundamental daquele tempo, o decoro”, pontua.

Todas as obras, diz Bastos, deveriam observar o preceito, principalmente a arquitetura, na qual se acomodavam todas as demais artes de representação e ornamentos. Ainda segundo o professor, o conceito de decoro abriu uma janela inédita para a compreensão dos demais preceitos antigos. “Ele se baseava na busca de uma beleza adequada, e uma obra arquitetônica só poderia ser pensada como bela ou eficaz se fosse útil, cômoda e proveitosa”, resume.

Nada originais
Para Rodrigo Bastos, seu trabalho abre novas possibilidades de investigação do patrimônio arquitetônico luso-brasileiro. “Muito se fala que Aleijadinho e outros artistas foram originais, mas eles sequer consideravam isso”, pondera. Eles imitavam obras e autoridades consagradas do gênero assegurando o costume, a eficácia e o decoro. O professor também sugere a revisão da noção de que esses artistas eram geniais. “Seria melhor tratá-los como ‘engenhosos’, conceito que na época reconhecia as virtudes da invenção artística”, argumenta.

Ao analisar três das principais igrejas de Ouro Preto (a matriz do Pilar e as capelas do Carmo e de São Francisco de Assis) e seus documentos primários, ele também descobriu aspectos que ainda não haviam sido abordados pela historiografia.“Trata-se de interpretações renovadas da iconografia arquitetônica ou elementos que tinham sido demolidos dos edifícios e que podemos reconstituir historicamente através dos documentos”, conta.

O principal elemento, aponta Rodrigo Bastos, foi um zimbório de madeira construído no teto da capela-mor da igreja matriz do Pilar. Elemento comum na arquitetura europeia, o zimbório geralmente era alçado por cima de cúpulas e abóbadas que recobriam altares e capelas, permitindo a entrada de luz zenital, um símbolo da ressurreição de Cristo. O zimbório, que integrou o corpo da igreja durante 16 anos, foi demolido em 1770 devido a infiltrações.

05/set, 13h24 - Coral da OAP se apresenta no Conservatório, nesta quarta

05/set, 13h12 - Grupo de 'drag queens' evoca universo LGBT em show amanhã, na Praça de Serviços

05/set, 12h48 - 'Domingo no campus': décima edição em galeria de fotos

05/set, 9h24 - Faculdade de Medicina promove semana de prevenção ao suicídio

05/set, 9h18 - Pesquisador francês fará conferência sobre processos criativos na próxima semana

05/set, 9h01 - Encontro reunirá pesquisadores da memória e da história da UFMG

05/set, 8h17 - Sessões do CineCentro em setembro têm musical, comédia e ficção científica

05/set, 8h10 - Concerto 'Jovens e apaixonados' reúne obras de Mozart nesta noite, no Conservatório

04/set, 11h40 - Adriana Bogliolo toma posse como vice-diretora da Ciência da Informação

04/set, 8h45 - Nova edição do Boletim é dedicada aos 90 anos da UFMG

04/set, 8h34 - Pesquisador francês aborda diagnóstico de pressão intracraniana por meio de teste audiológico em palestra na Medicina

04/set, 8h30 - Acesso à justiça e direito infantojuvenil reúnem especialistas na UFMG neste mês

04/set, 7h18 - No mês de seu aniversário, Rádio UFMG Educativa tem programação especial

04/set, 7h11 - UFMG seleciona candidatos para cursos semipresenciais em gestão pública

04/set, 7h04 - Ensino e inclusão de pessoas com deficiência no meio educacional serão discutidos em congresso

Classificar por categorias (30 textos mais recentes de cada):
Artigos
Calouradas
Conferência das Humanidades
Destaques
Domingo no Campus
Eleições Reitoria
Encontro da AULP
Entrevistas
Eschwege 50 anos
Estudante
Eventos
Festival de Inverno
Festival de Verão
Gripe Suína
Jornada Africana
Libras
Matrícula
Mostra das Profissões
Mostra das Profissões 2009
Mostra das Profissões e UFMG Jovem
Mostra Virtual das Profissões
Notas à Comunidade
Notícias
O dia no Campus
Participa UFMG
Pesquisa
Pesquisa e Inovação
Residência Artística Internacional
Reuni
Reunião da SBPC
Semana de Saúde Mental
Semana do Conhecimento
Semana do Servidor
Seminário de Diamantina
Sisu
Sisu e Vestibular
Sisu e Vestibular 2016
UFMG 85 Anos
UFMG 90 anos
UFMG, meu lugar
Vestibular
Volta às aulas

Arquivos mensais:
outubro de 2017 (1)
setembro de 2017 (33)
agosto de 2017 (206)
julho de 2017 (127)
junho de 2017 (171)
maio de 2017 (192)
abril de 2017 (133)
março de 2017 (205)
fevereiro de 2017 (142)
janeiro de 2017 (109)
dezembro de 2016 (108)
novembro de 2016 (141)
outubro de 2016 (229)
setembro de 2016 (219)
agosto de 2016 (188)
julho de 2016 (176)
junho de 2016 (213)
maio de 2016 (208)
abril de 2016 (177)
março de 2016 (236)
fevereiro de 2016 (138)
janeiro de 2016 (131)
dezembro de 2015 (148)
novembro de 2015 (214)
outubro de 2015 (256)
setembro de 2015 (195)
agosto de 2015 (209)
julho de 2015 (184)
junho de 2015 (225)
maio de 2015 (248)
abril de 2015 (215)
março de 2015 (224)
fevereiro de 2015 (170)

Expediente