Se diagnosticadas e tratadas a tempo, as alterações funcionais de audição em crianças portadoras de toxoplasmose congênita, que normalmente são de gravidade elevada, podem ser mimizadas. Essa constatação foi reforçada em estudo desenvolvido por pesquisadores da UFMG e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Apesar de ainda se observar comprometimento oftalmológico e auditivo muito grande nas crianças com a doença, o diagnóstico e o tratamento precoces diminuem a severidade e retardam o desenvolvimento das sequelas", confirma a pesquisadora Luciana Macedo de Resende, do Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da UFMG. Ela é autora do estudo ao lado de Gláucia Queiroz Manzan de Andrade, Marisa Frasson de Azevedo, Jacy Perissinoto, Andrêza Batista Cheloni Vieira. O estudo se valeu de dados colhidos junto ao Programa Estadual de Triagem Neonatal de Minas Gerais, coordenado pela Faculdade de Medicina da UFMG, envolvendo todas as 106 crianças diagnosticadas com a doença no período entre setembro de 2006 e março de 2007. Desse total, 46 (43%) apresentavam audição alterada, e consequentemente, déficits de fala. Além de tratamento com medicamentos, as crianças diagnosticadas receberam, durante 12 meses, acompanhamento pediátrico, oftalmológico e fonoaudiológico, com o objetivo de avaliar o desenvolvimento das funções de linguagem e de audição das crianças doentes. Incidência Doença infecciosa, a toxoplasmose é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii e pode ser transmitida por meio da ingestão de carnes cruas e verduras mal lavadas ou pelo contato com fezes e urina de cães e gatos. Quando congênita, a doença resulta em deficiências neurológicas, auditivas e visuais, e, caso contraída no primeiro trimestre de gestação, pode levar ao aborto. A íntegra do estudo está publicada na edição número 20 da revista Scientia Medica, da PUC de Porto Alegre, disponível no site da instituição.
Uma das conclusões da pesquisa diz respeito à prevalência da doença, que se revelou crescente em Minas Gerais, com proporção de uma criança infectada para cada 770 nascidos. Além disso, os casos registrados no estado apresentam alterações funcionais provocadas pela toxoplasmose mais graves do que aquelas identificadas em estudos feitos na Europa e nos Estados Unidos.