Nesta terça-feira, 1º, o IV Fórum Arte das Américas recebeu, em sua abertura, o filósofo e professor da Faculdade de Murcia, na Espanha, Francisco Jarauta. Em palestra sobre Mapas para navegar pela arte e pela cultura contemporânea, ele abordou os instrumentos pelos quais é possível analisar a conjuntura artística e, por consequência, a realidade socioeconômica e política da sociedade, que ele afirma serem constituintes da fazer artístico. Segundo Jarauta, olhar para o presente e perceber alterações que a realidade sofreu nos últimos anos é tarefa árdua e demanda intensa reflexão. “Se pensarmos a década de 1970, veremos que existiram algumas tentativas de prever como seriam os anos 2000. Nenhuma acertou”, afirmou. Isto aconteceu, explicou o filósofo, porque a contemporaneidade gerou um rompimento com a forma de pensar praticada até então. “Pela primeira vez na história, a realidade superou a ficção, a imaginação. Foram instaurados novos paradigmas." Internet, clonagem, desenvolvimento das mídias, mudanças geopolíticas são alguns dos elementos marcantes dos últimos anos e responsáveis por mudanças nos paradigmas do conhecimento. “Todas as nossas relações de conhecimento e de acesso à informação foram modificadas”, destacou. Esse contexto traz consigo benefícios e problemas, o que demanda capacidade de adaptação ao ambiente cada vez maior por parte do sujeito. “Antes a adaptação era fácil e pontual, hoje ela ocorre ao longo de toda a vida”, disse Jarauta. Por isso, a inteligência passará a ser uma característica não daquele que sabe muito, mas daquele que, além de conhecer, tem a capacidade de se adequar às novas condições. “É mais importante aprender a aprender do que aprender simplesmente”, evidencia. Para dar conta dessas constantes transformações, Jarauta defendeu que é preciso operar como um “sismógrafo de problemas”, sentindo as movimentações sociopolíticas e apontando os problemas existentes. Para isso, ele apresentou sete “mapas” para a obtenção das perguntas pertinentes ao contexto. Esses mapas, que representam perspectivas de exploração do real, são, de acordo com o filósofo, geopolítica; globalização e cultura; indústria cultural; arte e globalização; papel da crítica; humanização do espaço social; e cartografia dos problemas. De acordo com Jarauta, seus mapas têm por objetivo, mais que dar respostas, levantar questionamentos. “O homem é um ser interrogante, sedento e curioso”, apontou. "E as perguntas são mutáveis, daí a necessidade de a cada dia conhecê-las melhor." Abertura Para João Antônio de Paula, a iniciativa marca "o compromisso da Universidade com a cultura, com a arte emancipatória, que faz a instituição abrir-se para o mundo". Fabrício Fernandino, professor da Escola de Belas-Artes e diretor do Museu de História Natural da UFMG, afirmou que "o evento provoca distensão e não permite que a Universidade se feche em si mesma”. As atividades do IV Fórum de Arte das Américas vão até a tarde de quinta-feira, 2. Confira a programação: 1º de setembro, quarta, no auditório da Reitoria da UFMG 15h40 às 17h – Mesa-redonda 2 de setembro, quinta, no auditório 1 da Face 10h às 11h50 – Mesa-redonda 14h às 15h20 – Mesa-redonda 15h40 às 17h20 – Encontro com o artista plástico Marcos Coelho Benjamim. Coordenação: Walter Sebastião, crítico de arte e jornalista do Estado de Minas 17h30 às 18h – Encerramento
A abertura do IV Fórum contou com a participação de João Antônio de Paula, pró-reitor de Extensão da UFMG, Dijon Moraes, reitor da Uemg, Fernando Pedro, presidente do Instituto Arte das Américas, Marília Andrés e Fabrício Fernandino, curadores do evento.
14h às 15h20 – Mesa-redonda
As bienais no contexto da arte contemporânea:
Agnaldo Farias, professor da FAU/USP e curador da Bienal de São Paulo, e Jochen Volz, curador do Instituto Inhotim e ex-curador da Bienal de Veneza. Coordenadora: Marília Andrés Ribeiro, historiadora da arte e diretora da C/Arte Projetos Culturais
A produção e circulação da arte nas universidades:
Marcos de Sena Hill, historiador da arte e professor da Escola de Belas-Artes (EBA) da UFMG, e Marcelo Campos, coordenador de graduação do Instituto de Artes da UERJ. Coordenador: Benedikt Wiertz, artista plástico e diretor da Escola Guignard.
Arte ambiental
Shirley Paes Leme, artista plástica e professora da Faculdade Santa Marcelina (SP), e Fabricio Fernandino, artista plástico, professor da EBA e diretor do Museu de História Natural da UFMG. Coordenador: Sérgio Rodrigo Reis, crítico de arte, jornalista e diretor do Museu da Pampulha
Arte e tecnologia
Francisco Marinho, professor da EBA e superintendente operacional da Fundação Rodrigo Mello Franco de Andrade, e Rodrigo Minelli Filgueiras, curador e professor do curso de Comunicação da Fafich/UFMG. Coordenador: Carlos Falci, professor e pesquisador do curso de Arte Digital da EBA
João Antônio de Paula, pró-reitor de Extensão da UFMG