Por meio da aplicação de testes neuropsicológicos em músicos e não músicos adultos, a doutoranda em Neurociências Ana Carolina Oliveira e Rodrigues pretende comparar as capacidades de atenção e memória visual. A pesquisa será um dos temas abordados na mesa-redonda Ambiente enriquecido e reserva cognitiva que acontece no sábado, 4, às 14h, como parte da programação do 4º Simpósio de Neurociências que começa nesta quinta-feira, 2. A intenção da pesquisadora é investigar possíveis efeitos do treinamento musical prolongado sobre tais capacidades cognitivas. “O estudo envolve a participação de dois grupos de voluntários – músicos, instrumentistas da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, e não músicos – equiparados em relação a gênero, idade e tempo de escolaridade”, explica a pesquisadora, que é orientada pelo professor Maurício Loureiro, da Escola de Música. Com base em evidências de que a prática musical tem influência sobre características estruturais e funcionais do cérebro e sobre capacidades cognitivas, Ana Carolina Oliveira e Rodrigues defende que “tais investigações podem contribuir para maior conhecimento a respeito da influência da música no cérebro humano e, também, para ressaltar a existência de benefícios do treinamento musical no desenvolvimento cognitivo”. A pesquisadora comenta que o interesse no estudo dos efeitos do treinamento musical no cérebro tem crescido “de maneira significativa nas últimas décadas” e comenta que músicos constituem “um grupo ideal de indivíduos para a investigação de adaptações às exigências únicas do desempenho musical, assim como para o estudo dos substratos cerebrais envolvidos em habilidades musicais específicas, como ouvido absoluto”. Ana Carolina comenta que várias pesquisas têm indicado que músicos possuem características cerebrais, estruturais e funcionais não encontradas em não músicos e que estão relacionadas com a idade de início dos estudos musicais. “Tal reorganização estrutural e funcional pode também produzir diferenças cognitivas entre músicos e não músicos”, completa a pesquisadora. Ela também cita o neurologista Gottfried Schlaug ao ressaltar que o aspecto mais importante ao se considerar músicos como modelo para estudos sobre adaptação estrutural e funcional do cérebro frente a desafios extraordinários é o fato de que o início do treinamento musical geralmente ocorre quando o cérebro ainda pode ser capaz de se adaptar a tais desafios.