Entre 4% e 7% das pessoas possuem nódulos tireoidianos palpáveis e até 70% da população geral brasileira pode apresentar algum tipo de nódulo na glândula tireóide. O problema é que o exame citológico de Punção Aspirativa com Agulha Fina (Paaf), não se mostra tão eficiente. Comumente indicado por endocrinologistas, o procedimento é aplicado para orientar a necessidade de realizar cirurgia em decorrência de problemas na glândula tireóide. A avaliação foi feita pelo cirurgião de cabeça e pescoço Orlando Barreto Zocratto, em sua pesquisa de doutorado em medicina na área de gastroenterologia, pela UFMG. Ele demonstrou que, independentemente da experiência profissional do examinador, os resultados apresentaram taxas elevadas de falso-negativos. Isto significa que o paciente tem o câncer de tireóide, mas o resultado da Paaf foi de ausência de tumor. “Além da história clínica, do exame físico e de outros procedimentos complementares, tais como o ultrassom e exames de sangue, os médicos acreditam muito na Paaf”, observa Zocratto. “Os examinadores parecem estar usando critérios subjetivos no ato da análise”. O estudo Os resultados do estudo mostraram que o índice de falso-negativo é alto: de 25% a 50% do total de exames realizados. De todas as amostras analisadas, 17 continham tumores malignos. Porém, apenas 4 a 6 foram identificados pela Paaf, independentemente da experiência do examinador. Portanto, um número elevado de pacientes pode ter seu tumor não identificado e, em consequência disso, não tratado. Método As comparações permitiram evidenciar que, mesmo depois de seis meses, existe grande repetição dos resultados emitidos por um mesmo examinador. Quando houve discordância entre dois resultados do mesmo examinador a percentagem da variação foi insignificante. Por outro lado, além do alto número de diagnósticos equivocados, a comparação entre os resultados encontrados pelo profissional mais jovem e pelo mais experiente foi muito diferente. “Isso é grave, uma vez que estamos falando de um paciente que vai ou não ser operado a partir desse laudo”, destaca o cirurgião. (Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)
Zocratto comparou, de várias formas, 74 exames realizados por dois especialistas. Um recém-formado, que realiza 40 exames por ano, e outro com 25 anos de profissão, que realiza cerca de 500 exames anuais.
“Os patologistas não conheciam um ao outro e nem sabiam que analisariam o mesmo material seis meses depois”, esclarece o autor. Posteriormente, os resultados foram comparados de variadas formas.
Título: Estudo citológico da glândula tireóide: comparação (intra e interexaminador) dos resultados com o exame histológico das peças cirúrgicas
Programa: Pós-graduação em medicina – área de concentração em Gastroenterologia
Nível: Doutorado
Autor: Orlando Barreto Zocratto
Orientador: professor Paulo Roberto Savassi Rocha
Data da defesa: Julho de 2010