É frequente na população idosa o desenvolvimento de algum tipo de déficit de memória. Essa alteração, assim como a de outras outras funções mentais, acontece em decorrência do próprio envelhecimento ou da incidência de doenças. De acordo com Luciana de Oliveira de Assis, terapeuta ocupacional com mestrado na UFMG e professora da Fundação Mineira de Educação e Cultura (FUMEC), a rotina dos portadores desses tipos de demências fica prejudicada pela dificuldade em lembrar o que foi feito e o que há por fazer. A cobrança do cuidador e a dependência do idoso causam desgaste para ambos. Para organizar o dia a dia do idoso e melhorar seus relacionamentos, Luciana apresentou o Dispositivo Estruturador de Rotina como trabalho de mestrado na UFMG em 2006, com orientação da professora Marcella Guimarães Assis Tirado, do Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade. O aparelho foi desenvolvido no laboratório de projetos mecânicos da UFMG pelo professor Antônio Eustáquio Pertence, professor do Departamento de Engenharia Mecânica. Luciana explica que o dispositivo possibilita liberdade de programação ao mesmo tempo em que é simples, foi desenvolvido com apenas quatro botões, linguagem clara e letras de fácil visualização para atender a esse perfil específico de paciente. Algumas atividades já são pré-selecionadas, mas o cuidador ou o idoso pode programar outras atividades, verificar os alarmes existentes, ajustar data e hora e os horários em que o dispositivo irá lembrá-lo. “A utilização prática do dispositivo é muito grande. A ideia é que ele esteja presente na rotina do idoso e traga mais autonomia para o paciente, assim ele não precisa estar sempre sendo lembrado”, afirma Luciana. O dispositivo O segundo protótipo foi trabalho de conclusão de curso do engenheiro mecânico Adriano Faria Oliveira. Já existe pedido de patente registrado para o dispositivo. A expectativa é que empresas se interessem em licenciar a tecnologia e produzir o aparelho em larga escala.
O dispositivo contém microcontrolador programável, circuito integrado com função de relógio, dois displays LCD e quatro botões. Também foi desenvolvido um software para controlar o funcionamento do microcontrolador. Quando o alarme sonoro e luminoso desperta, o aparelho exibe na tela a tarefa a ser realizada.
A primeira versão, criada em 2006, (veja imagem ao lado) consistia no dispositivo, feito de madeira, e um calendário. Foi utilizada tanto por terapeutas ocupacionais quanto por idosos, que o avaliaram durante uma semana e meia. A partir dos resultados desses testes, foram feitas modificações para a segunda versão. O dispositivo possui agora mais funções eletrônicas e é feito de plástico para facilitar o transporte. Além disso, o calendário foi incorporado no próprio aparelho.