Respiração oral, distúrbios na fala, problemas de deglutição. Todos esses são fatores que podem impactar negativamente um dos órgãos musculares mais importantes do corpo: a língua. Segundo a fonoaudióloga Amanda Freitas Valentim, tratar casos de perda de força lingual é um grande desafio devido a dificuldade de monitorar o paciente na realização dos exercícios de fortalecimento dos músculos.”Não há como saber o quanto o paciente se exercitou em determinado dia, nem o ganho de força obtido em cada sessão”, explica. Amanda é mestranda em Engenharia Mecânica pela UFMG e integra a equipe de desenvolvimento de aparelhos para medição de força lingual do Grupo de Engenharia Biomecânica. Sob coordenação do professor Estevam Las Casas, do Departamento de Engenharia de Estruturas (Dees), a equipe desenvolveu uma ferramenta que pode reduzir o tempo de tratamento dos pacientes que precisem recuperar a força da língua. Os estudos também contam com a participação do professor Márcio Barroso, da Universidade Federal de São João del-Rey, e do pesquisador Cláudio Gomes, da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec). O aparelho, que ainda não tem nome oficial, é composto basicamente por um mordedor e um dispositivo que o usuário deve empurrar com a língua para realizar o exercício, além de um suporte para as mãos que ajuda a manter o equipamento firme na arcada dentária. “O principal diferencial desse produto é que ele permite regular a carga aplicada a cada exercício”, afirma Las Casas. O pesquisador explica que, sabendo o valor de esforço que o paciente dedicou a cada exercício, o fonoaudiólogo tem maior controle sobre o tratamento e pode direcionar melhor as atividades de recuperação. No aparelho desenvolvido, os valores variam de 5 a 20 newtons. Para Amanda Valentim, outra vantagem do aparelho para ganho de força lingual é a sua facilidade de uso. “Ele torna o exercício mais simples de ser realizado e ajuda o fonoaudiólogo a orientar melhor seu paciente”, ressalta. Amanda lembra ainda que o mordedor do aparelho foi desenhado de forma a se adaptar à boca do indivíduo, portanto ele pode ser usado por crianças e adultos, independentemente da idade. Família de aparelhos A longo prazo, a equipe do Grupo de Engenharia Biomecânica pretende desenvolver outros aparelhos similares, criando uma espécie de linha de produtos para trabalhar a força da língua. “Nosso plano é desenvolver toda uma família de aparelhos”, conta o pesquisador. Em relação ao aparelho descrito na matéria, Las Casas revela que dois fabricantes de produtos médicos já se mostraram interessados em comercializá-lo futuramente. “Agora é hora de pensarmos em investir no processo de produção do aparelho”, afirma o pesquisador.
Segundo o professor Estevam Las Casas, essa versão do aparelho, que levou um ano para ser projetada, ainda deve ser aprimorada. “Estamos estudando uma forma de miniaturizá-lo, fazer com que ele se torne mais portátil”, afirma Las Casas. “Queremos otimizar a forma para torná-lo ainda mais fácil de ser utilizado”.