Para democratizar o acesso ao volume incomensurável de informações que se produzem a todo momento, em todas as áreas, não basta publicá-las. É preciso que isso seja feito de maneira a um tempo clara e atraente. Esse é o talento da brasileira radicada nos Estados Unidos Fernanda Viégas, apontada em 2009 uma das mulheres mais influentes do mundo da tecnologia. Ela fará conferência nesta quarta-feira, dia 6, durante os eventos conjuntos da Sociedade Brasileira de Computação (SBC), em Belo Horizonte, que têm organização da UFMG. Paulista criada no Rio de Janeiro, Fernanda Viégas tornou-se Ph.D pelo Massachussetts Institute of Technology (MIT), foi pesquisadora da IBM e hoje tem sua própria empresa, em Dallas, Texas, além de liderar – com Martin Wattenberg – o grupo de pesquisa Big Picture, da Google. Sua produção também tem sido exibida em espaços como o Museu de Arte Moderna de Nova York. Nesta entrevista ao Portal UFMG, ela afirma que a área de visualização de dados está em franca expansão e conta um pouco de sua trajetória. Como se divide a visualização de dados? Em que seus estudos estão mais focados? Como diversas teorias e tecnologias estão envolvidas na visualização de dados? Qual é o panorama da visualização de dados no Brasil? Como você chegou ao MIT? www.research.ibm.com/visual/projects/history_flow/
Existem várias taxonomias de visualização. Uma forma comum de se agruparem as técnicas se baseia no tipo de dados com os quais estamos lidando: dados geográficos, numéricos, categóricos, temporais, textuais etc. Daí podemos pensar em grupos do tipo: dados geográficos (mapas, cartogramas), dados numéricos escalares (gráfico de barras, histograma), dados multidimensionais (diagramas formados por pontos, quadros em forma de grades), dados textuais (nuvem e árvore de palavras).
Minha pesquisa é composta de duas partes. Uma delas é a invenção de novas técnicas de visualização. Quando resolvemos visualizar a Wikipédia (projeto desenvolvido para a IBM), por exemplo, tivemos que inventar um método completamente novo de visualização de logs. Outra é a investigação de novos contextos e aplicações para visualização. No caso do projeto Many Eyes (também na IBM), abrimos o aspecto social da visualização, um lado que, até então, não havia sido explorado pela disciplina.
A visualização é, por natureza, um campo interdisciplinar. É preciso saber um pouco de programação, percepção visual, design e estatística.
O Brasil está começando a usar o poder da visualização. Tenho visto boas matérias com visualizações inteligentes em publicações como O Estadão e Superinteressante. Mas ainda há escassez de profissionais do ramo. Fica a dica para quem quiser se especializar em visualização de dados: o mercado para esse tipo de trabalho só vai crescer. A área em expansão, precisando cada vez mais de profissionais que apliquem visualização a campos distintos: comunicação, marketing, inteligência aplicada aos negócios etc. Cada vez mais será importante visualizarmos tipos variados de dados: números, texto, imagens e vídeo.
Iniciei graduações no Rio em engenharia química e linguística, mas não acabei nenhuma delas. Achei então que meu negócio não era a universidade. Mas soube de um programa de bolsas para graduação nos EUA e descobri que seria possível mudar de curso, se quisesse. Pensei: “É disso que eu preciso!” Fiz design gráfico e história da arte no Kansas. Gostava muito de design, mas não queria passar o resto da vida trabalhando com meios tradicionais. Então ouvi falar do Media Lab no MIT, que reúne estudantes de pós-graduação de vários campos. Mandei meu portfólio e, para meu grande espanto, fui selecionada.
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