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A professora Raquel Rolnik, da Faculdade de Arquitetura da USP, realizou palestra, na manhã desta quarta-feira, 8, sobre Transporte público e o direito à cidade. O evento compõe a campanha Estudante não é sardinha, organizada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFMG com o objetivo de gerar discussões e melhorias para o transporte público oferecido aos alunos da universidade. A professora Raquel, em sua conferência, tratou de dar uma abordagem histórica dos transportes públicos para que, a partir desse conhecimento, fosse possível desvendar um diagnóstico do que se vivencia hoje em relação a mobilidade urbana. Segundo ela, o modelo de transporte público sofreu mudança significativa em sua trajetória brasileira principalmente pelo fato de ter passado de um sistema baseado em trilhos para o viário. Esclarecido os pontos históricos, a professora destacou que o sistema de transporte brasileiro é “subdesenvolvido e inadequado para os projetos de desenvolvimento do país”. Para ela, existe uma tendência a se investir intensamente em rodovias, sendo que o melhor seria investimento em possibilidades outras, como os metrôs, os meios não mecânicos (a pé, bicicletas, etc) e mesmo novas tecnologias, como os BRT (Bus rapit transit) que são ônibus que funcionam sobre trilhos e imprimem maior velocidade ao deslocamento e agilidade ao sistema de embarque e desembarque. Ela destaca que os problemas vivenciados pelo trânsito não podem ser explicados por falta de política ou investimento. “O problema são más políticas e investimentos equivocados. Algumas medidas para melhorarem a o fluxo de veículos adotadas hoje representam mais do mesmo. Já foram realizadas e não resolverão definitivamente as dificuldades”, diz. Ela complementa ao apontar que essa ênfase no sistema viário é resultado de um modelo de desenvolvimento adotado desde década de 1940 e 1950, principalmente no período do mandato do presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961). “É uma área bastante lucrativa. Para se ter ideia, a indústria automobilística representa 25% do Produto Interno Bruto brasileiro”, informa. Transporte na UFMG O evento contou também com a participação do professor do Departamento de Engenharia de Transportes e Geotecnia Dimas Palhares, responsável, juntamente com outros professores e empresas juniores da UFMG, pela elaboração de um plano de melhoria do transporte da região. Segundo ele, esse plano levou 9 meses para ser produzido e seu lançamento está próximo. “Trata-se de um amplo diagnóstico do sistema de transporte praticado no campus e nas proximidades”, destaca. Ele também afirma que o estudo foi feito seguindo diretrizes que zelam pela manutenção de condições características e benéficas para a instituição, como a conservação as áreas verdes. “Não podemos sugerir, precipitadamente, o aumento das vias e, consequente, desmatamento das áreas verdes. Trabalhamos, no plano, principalmente, com a questão da demanda e da oferta, com o remanejamento do fluxo”, diz.