Todos os anos, estudantes de ensino médio vivem a expectativa de passar no vestibular e de ingressar em uma boa instituição pública de ensino. Mas qual será a ideia que os estudantes têm das universidades? A questão foi tema do estudo O imaginário do estudante a respeito da UFMG, do Programa de Iniciação Científica Jr. – Provoc da UFMG –, realizado pelos alunos Mariana Chamon Amancio, do Colégio Técnico (Coltec), Beatriz Marinho Silva Freitas, Paloma da Penha Gonçalves, Izabella Moura Andreatta e Ramon Caio Braga da Silva, das escolas estaduais Governador Milton Campos, Juscelino Kubitschek de Oliveira e Djanira Rodrigues de Oliveira, respectivamente. Coordenado pelos doutorandos Wescley Silva Xavier e Renata Bicalho, do Departamento de Ciências Administrativas da Faculdade de Ciências Econômicas, o trabalho será apresentado na mostra UFMG Conhecimento e Cultura, que acontece esta semana nos campi Pampulha, Saúde e Montes Claros. De acordo com Wescley, a pesquisa provou que, para a maioria dos alunos da rede pública, há um distanciamento no que diz respeito à perspectiva de entrada na UFMG. “Muitos dos alunos não veem o ingresso num curso superior como imediato após a conclusão do ensino médio”, afirma. Outra constatação do estudo demonstra que, além de enxergarem a UFMG como uma “instância superior”, há um "endeusamento e uma idealização exacerbada da vida universitária pelos mesmos estudantes" – fato que não se repete entre os alunos do Colégio Técnico (Coltec), por exemplo. Mariana Chamon, participante do projeto que cursa o 2º ano de Informática no Coltec, afirma que seus colegas de classe são mais maduros e pensam a UFMG como uma instituição séria e como local de aprendizado, tanto no âmbito da formação profissional como da pessoal. Segundo ela, justamente por já fazer parte da comunidade univesitária, os alunos do Coltec têm visão mais equilibrada e menos utópica da universidade. Pesquisa Segundo o coordenador, a pesquisa privilegiou, num primeiro momento, estudo de textos que contribuíram para elucidar conceitos, como a teoria das representações sociais e a psicologia social. Após semanas de discussões e leituras coletivas, foi elaborado o questionário. Cada colaborador do estudo ficou responsável por entrevistar cinco colegas, e assim a pesquisa abrangeu 25 fontes, do ensino público estadual e federal. Para Wescley, o estudo se mostrou importante por permitir um contato precoce dos colaboradores com a pesquisa acadêmica. “Foi bom para os estudantes aprenderem cedo a importância de assumir compromissos e mostrar resultados. No entanto, a grande colaboração da pesquisa foi transportar as respostas para a questão social, e verificar que é preciso adotar políticas que aproximem universidade e sociedade, de forma a democratizar o ensino público superior”, conclui. Provoc O Programa de Iniciação Científica Jr., criado em 1998, é iniciativa do Colégio Técnico (Coltec) da UFMG em parceria com o Centro de Pesquisas René Rachou – Fiocruz/MG. O objetivo do projeto, segundo sua coordenadora, Gisele Brandão, é oferecer a alunos do ensino médio e profissionais maior contato com a iniciação científica e com a produção acadêmica. A participação no programa, esclarece Gisele, é feita através de processo seletivo anual. “A seleção é feita mediante edital e as exigências variam a cada ano”, aponta. Após selecionados os integrantes do Provoc, são determinadas linhas de pesquisa a serem seguidas pelos profissionais, de acordo com suas especialidades, e estas são oferecidas aos alunos que podem optar por aquela que mais agradar. O engajamento conta com oferta de bolsas concedidas pela Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Por Giselle Ferreira, repórter bolsista da Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da UFMG