Na tentativa de reduzir o número de fumantes e inibir a iniciação de novos fumantes, o governo federal tornou obrigatória, em 2002, a mensagem de alerta do Ministério da Saúde e a estampa de imagens de impacto nos maços de cigarro. Oito anos depois, estudo promovido pelo Programa de Iniciação Científica Jr. – Provoc da UFMG – mostra que a propaganda antitabaco é ineficiente. A pesquisa Percepções de adolescentes do ensino fundamental e médio acerca das imagens antitabaco em maços de cigarro avaliou a efetividade do marketing preventivo contra o consumo do cigarro entre os adolescentes. Para isso, expôs banners das peças publicitárias e entrevistou 200 alunos da rede pública de ensino fundamental e médio. O estudo, de caráter estritamente qualitativo, será apresentado na mostra UFMG Conhecimento e Cultura, que acontece durante esta semana nos campi Pampulha, Saúde e Montes Claros. De acordo com Amanda Márcia dos Santos, professora do Departamento de Enfermagem da UFMG e coordenadora do estudo, a iniciativa promoveu o debate sobre o tema e mostrou que os objetivos das campanhas não estão sendo alcançados. Ela revela ainda que a equipe recebeu a conclusão da pesquisa com surpresa, uma vez que os jovens mostraram não se abalar pelos danos patológicos, mas pelos danos estéticos causados pelo cigarro. "Derrame, hipertensão e câncer não preocupam os adolescentes tanto quanto a possibilidade de envelhecimento precoce", afirma. Para Amanda, uma das possíveis explicações para esse resultado reside na imaturidade dos entrevistados, que veem as imagens de alerta como distantes da realidade. "Pela idade, muitos dos alunos se deixam levar pela ideia de que são jovens, de que podem tudo, e que com eles nada vai acontecer", acrescenta. Por fim, a professora destacou a importância da participação das alunas do ensino médio na pesquisa: por fazerem parte daquela comunidade, elas possibilitaram comunicação mais franca com os entrevistados. Para a estudante Camila Goecking, do 7º período de Enfermagem, que participou como bolsista de Iniciação Científica, foi fundamental ajudar no desenvolvimento do estudo para colocar em prática metodologias de pesquisa. Provoc A participação no programa se dá através de processo seletivo anual. O engajamento conta com oferta de bolsas concedidas pela Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Por Giselle Ferreira, repórter bolsista da Pró-Reitoria de Extensão (ProEx) da UFMG
O Programa de Iniciação Científica Jr., criado em 1998, é iniciativa do Colégio Técnico (Coltec) da UFMG em parceria com o Centro de Pesquisas René Rachou – Fiocruz/MG. O objetivo do projeto é oferecer a alunos do ensino médio e profissionais maior contato com a iniciação científica e com a produção acadêmica.