Crianças que têm um lado do corpo comprometido por lesão no cérebro foram submetidas, com sucesso, a terapia de alta intensidade em pesquisa realizada pela pós-graduação em Ciências da Reabilitação da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG. O estudo visou à dissertação de mestrado da aluna Marina Brandão. A ideia, segundo a orientadora da dissertação, Marisa Mancini, foi garantir o ganho de funcionalidade no lado afetado dessas crianças, principalmente na execução de atividades cotidianas. “A gente sabe que muitas atividades cotidianas são bimanuais, então essas crianças sentem muita dificuldade em realizar funções simples”, ela explica. Oito crianças em idade escolar foram submetidas a tratamento intensivo utilizando apenas o lado comprometido, enquanto o outro, não afetado, era imobilizado. A terapia de alta intensidade, segundo a orientadora, tem curta duração e os procedimentos levam de cinco a seis horas por dia. Neste caso, as crianças foram submetidas ao tratamento por 10 dias e a restrição do lado não afetado foi feita durante 10 horas, diariamente. Outras oito crianças foram submetidas às atividades normais de terapia. O objetivo era comparar os resultados obtidos. Segundo a professora, o resultado foi ganho de funcionalidade nas crianças em que o tratamento intensivo foi aplicado. “Na terapia de alta intensidade os ganhos são rápidos e muito evidentes. Já observamos resultados em três meses de tratamento.” Treinamento funcional A professora Marisa Mancini, que há cinco anos trabalha com intervenções de terapia de alta intensidade, desenvolve atualmente esse novo método no Hospital das Clínicas da UFMG. Ela afirma que famílias de outros estados já vêm a Belo Horizonte para procurar o tratamento destinado a crianças com paralisia. A professora apresentou também o trabalho na Universidade Federal do Ceará (UFC) e na Unicamp.
O estudo constatou que essa terapia atenua os fatores limitantes, mas ainda não é capaz de reverter a situação. Por isso, foi associado à terapia um treinamento funcional. Assim, o que as crianças ganharam com a terapia foi implementado em atividades bimanuais com treino funcional após o final do tratamento. “A associação da terapia com o treino funcional foi a iniciativa inédita dessa pesquisa”, afirma a orientadora.