Novos cursos, novas metodologias. Com a implantação do Programa de Apoio aos Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais, (Reuni) outras questões se impuseram aos profissionais da educação em relação a métodos de ensino eficientes e abrangentes. Diante disso, professores da Escola de Arquitetura elaboraram um plano de estudo capaz de levar às disciplinas de tecnologia da construção, do curso de Arquitetura e Urbanismo noturno, uma evidência maior do problema da sustentabilidade em relação aos edifícios. A proposta surgiu do esforço conjunto dos professores José Eustáquio Machado de Paiva, Cynara Fiedler Bremer e Maria Luiza Almeida Cunha de Castro, do Departamento de Tecnologia da Arquitetura e do Urbanismo, para a disciplina Tecnologia do Ambiente Construído e Sustentabilidade, e ganhou o Prêmio Ethos-Valor 2010, na subcategoria Plano de Ensino/Educação para a Sustentabilidade. O plano de curso traz uma nova contribuição para a graduação em Arquitetura e Urbanismo, cuja versão noturna é centrada nas questões urbanas e habitacionais, com ênfase na abordagem da tecnologia da construção. Nesse sentido, a escolha de materiais, produtos e sistemas construtivos em muito pode contribuir para a minimização dos impactos ambientais e a melhoria das condições de vida das pessoas. “O objetivo é promover na graduação um aprendizado que leve os alunos a considerarem a perspectiva da sustentabilidade na decisão tecnológica”, afirma José Eustáquio. Agente de transformação “O profissional precisa lidar com problemas urbanos presentes nas cidades contemporâneas, como é o caso das construções de periferias e áreas de baixas condições de habitabilidade, e que hoje constituem uma parcela significativa das moradias em todo o Brasil.”, explica. A proposta considera o arquiteto não somente como projetista, mas também como formador de opinião e educador. Como consta no próprio estudo, o objetivo é preparar o profissional para articular, no momento de sua atuação, as sustentabilidade econômica, social e ambiental. “Isso significa, dentre outras coisas, valorizar ainda mais a compreensão da decisão tecnológica tendo em vista uma maior consideração das pessoas, do seu contexto cultural e social, como também uma maior inserção ecológica do ambiente construído”, afirma José Eustáquio. De forma ampla, destaca o estudo, a disciplina tem por finalidade conscientizar o aluno sobre a importância da reavaliação das relações entre o objeto construído, o homem e o meio ambiente. “Para isso serão abordadas temáticas como o menor uso de energia nas construções, os causadores da crise ambiental atual, os problemas urbanos. A disciplina também possibilitará a discussão de um novo paradigma sustentável”, destaca. Prêmio Ethos-Valor Classificado para a etapa seguinte, disputou com outros dois projetos. No dia 6 de outubro, em cerimônia realizada em São Paulo, ele foi anunciado vencedor.
Segundo o professor, não se pode falar propriamente em “arquitetura sustentável”, uma vez que não se fazem estudos sistemáticos dos edifícios em relação à capacidade de suporte dos ecossistemas e da sociedade. Na abordagem desenvolvida, os professores buscaram incorporar fatores relevantes, como indicadores de energia incorporada, princípios de ética e de responsabilidade socioambiental e metodologias que permitam trabalhar o processo decisório de forma multifatorial, reforçando o papel do arquiteto como sujeito ativo de transformação da sociedade.
O trabalho, vencedor da categoria Professores, na subcategoria Plano de Ensino, concorreu na primeira fase com outros 53 estudos sobre o tema Educação para a Sustentabilidade elaborados por instituições de ensino de todo o país.
O prêmio, que em 2010 realizou sua 10ª edição, é uma iniciativa do Instituto Ethos e do jornal Valor Econômico. Ele é voltado para professores e estudantes universitários e pretende fomentar a produção de trabalhos sobre responsabilidade social empresarial e desenvolvimento sustentável.