Projetar um aeromodelo controlado por rádio e fazê-lo voar com a menor carga possível. Esse é o desafio proposto anualmente, desde 1999, pela Sociedade de Engenheiros em Mobilidade (SAE Brasil) a estudantes de Engenharia de todo o país, e enfrentado com determinação pela equipe Uai, sô! fly!!!, formada por alunos da UFMG. “Apresentamos bons resultados desde a nossa primeira participação. Somos uma das equipes mais respeitadas do país”, orgulha-se o estudante Ramon Fraga Resende, atual capitão do time. Em 11 anos de existência, a equipe conquistou duas vezes o campeonato nacional, em 2005 e 2008. Nas duas ocasiões, ganhou a chance de participar na competição internacional e não fez feio: garantiu o segundo lugar em 2008 e foi campeã mundial em 2005. Este ano, os 18 alunos se debruçaram sobre o protótipo batizado de “Highlander”. “Quando fizemos os testes de voo, ele ‘sobreviveu’ sem cair em diversas situações críticas. Daí, o nome”, explica Ramon, referindo-se ao filme Highlander (1986), no qual o ator norte-americano Christopher Lambert interpreta um guerreiro imortal. Construção “São os próprios alunos que montam a aeronave”, ressalta Ramon. O estudante, que atualmente cursa o 10o período de Engenharia Mecânica, afirma que boa parte das peças é feita com material reaproveitado. São utilizados também diversos tipos de madeira, fibras de vidro e aramida, tubos de carbono, entre outros materiais. Algumas peças mais fundamentais, como o motor da aeronave, por exemplo, são importadas. Além da aeronave principal, os estudantes constroem ainda um modelo reserva idêntico para ser usado nos primeiros testes de voo. “O avião oficial voa poucas vezes antes da competição. É uma forma de preservá-lo e evitar que sofra algum dano mais grave”, justifica Ramon. Antes de finalizar completamente a bateria de testes, a equipe deve enviar para a organização da SAE Brasil o relatório do projeto, contendo todas as informações referentes à aeronave. “Esse documento é julgado na competição e conta pontos para a equipe”, explica o capitão. Disputa no céu e no papel Já na apresentação, os membros de cada equipe devem defender o seu projeto para um júri formado por engenheiros da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) e outros convidados. “No fim das contas, o que fazemos é um projeto de engenharia de avião semelhante aos elaborados pelas grandes empresas aéreas, só que em escala menor”, resume Ramon Fraga Resende. Este ano, a competição foi realizada entre 21 e 24 de outubro, no Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), em São José dos Campos.
Antes de iniciar os testes que acabaram servindo de inspiração para nomear o veículo, a Uai, sô! fly!!! realizou extenso trabalho de pesquisa e cálculo para criar o anteprojeto do Highlander. “Montamos um plano que contém todas as medidas e principais características do avião”, conta Ramon Fraga. Essas informações foram usadas como referência na construção da aeronave, que aconteceu ao longo do primeiro semestre na oficina do Centro de Estudos Aeronáuticos (CEA), localizada dentro do galpão da Engenharia Mecânica.
Além do relatório do projeto, os participantes da competição SAE Brasil de Aerodesign são avaliados também em uma apresentação de 15 minutos e no teste de voo do avião. Neste último, fica com a maior pontuação o veículo que conseguir carregar mais peso, sendo ele próprio o mais leve possível. Cada equipe possui um membro responsável por operar o avião por meio de comandos de rádio. No caso da UFMG, o piloto é o estudante de Engenharia Mecânica André Stark de Almeida.