Sustentabilidade: além da mensuração de custos é tema do 17º Congresso Brasileiro de Custos que começa nesta quarta-feira, dia 3, e se estende até a sexta-feira, 5, na Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG. Promovido pela Associação Brasileira de Custos (leia mais em www.congressodecustos.com.br), em parceria com a Face, o evento pretende discutir e construir, segundo enfoque da contabilidade gerencial de custos, conceito de sustentabilidade, que a cada dia se torna mais importante para as diversas ciências.
Membro do comitê organizador do evento, o professor Poueri do Carmo Mário, do Departamento de Ciências Contábeis, esclarece, na entrevista abaixo, o significado e peculiaridades do conceito sustentabilidade e da importância dele para as empresas.
O que é sustentabilidade?
Trata-se, na área contábil, de um conceito que envolve um tripé de avaliação. Precisamos analisar a sustentabilidade pelas dimensões econômica, nosso maior foco, social e ambiental. A sustentabilidade trabalha olhando sempre esses três pontos. O que é um processo sustentável? É aquele que consegue alcançar níveis avançados ou até mesmo superiores em termos de economia, ambiente e sociedade. O desafio é descobrir como equacionar, ou equalizar, essas três dimensões, que, se pensarmos em vetores, muitas vezes são contrários ou até antagônicos, às vezes paralelos ou perpendiculares. Esses vetores podem, inclusive, apresentar forças assimétricas.
Quando se fala em sustentabilidade estamos tentando criar um tema comum, um fenômeno em comum, multidisciplinar e transdisciplinar. Todas as áreas precisam convergir. Isso não é simples. Sentar com pessoas da mesma área já gera correntes divergentes. Imagina sentar em uma mesa para discutir um tema entre visões totalmente diferentes. Essa síntese entre os saberes é nosso maior problema.
Como o problema da sustentabilidade se apresenta nas empresas?
Cabe a elas conciliarem todas as questões de forma a proporcionar lucratividade sem desprezar as questões ambientais e sociais. Não adianta uma empresa pensar em 30, 40, 50 anos de lucratividade se lá na frente não houver sociedade para usufruir disso, ou se, no futuro, o meio ambiente, grande fornecedor de matérias-primas, estiver totalmente depredado. Também não é aconselhável uma empresa pensar em preservação de meio ambiente por 30, 40, 50 anos e, por conta disso, o desemprego aumentar devido às proibições ou elementos que não a possibilitem ter outras opções ou meios de aumentar a sua lucratividade.
Uma expressão muito comum hoje é desenvolvimento sustentável. Porém realizá-lo não é algo tão simples. Como você vai desenvolver e manter a sustentabilidade? Veja o exemplo de uma empresa mineradora. Como vai desenvolver sua atividade, se o que ela faz gera um impacto ambiental muito forte? A expressão desenvolvimento sustentável carrega ainda aspectos muito complexos a serem tratados. É uma situação que caminha não só pela nossa área, a de custos – que engloba as Ciências Contábeis, Economia, Administração, Engenharia –, mas permeia várias outras ciências.
Como as empresas encaram os custos gerados pela necessidade de sustentabilidade?
Muitas empresas têm uma leitura bem realista de um dos tipos de custos de sustentabilidade que seria o custo ambiental. Ele pode se dar de duas formas. Primeiro, por uma exigência legal que obriga a empresa a tomar certas precauções e tratamentos. Isso pode gerar novos tipos de controles, necessidades ou processos mais caros. Querendo ou não, isso aumenta o custo dela. Tem também o custo que surge por um empenho da empresa, sem determinação legal, de começar a desenvolver e a se preparar para um ambiente novo.
Em linhas gerais, pode-se dizer que a consciência do custo ambiental já foi absorvida pelas empresas. Hoje a elaboração de um projeto é feita de forma distinta de outros tempos, quando as regulamentações ambientais eram diferentes.
Houve aumento da importância dada à sustentabilidade pelas empresas nos últimos anos?
O avanço foi tremendo. Como exemplo disso, temos diversas publicações de balanços de sustentabilidade feitas por várias organizações em todo o mundo. Elas já perceberam que a sustentabilidade afeta os negócios e a sua própria continuidade.
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