Universidade Federal de Minas Gerais

Cláudio Gontijo: “Política econômica anunciada pela nova presidente é contraditória”

segunda-feira, 8 de novembro de 2010, às 8h31

A provável volta da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), juros altos e o crescimento do déficit externo são alguns dos aspectos que levam o professor Cláudio Gontijo, da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG, a considerar que a política econômica a ser adotada no novo governo “não atende aos interesses da população brasileira”.

Pesquisador de temas como macroeconomia e história do pensamento econômico, Cláudio Gontijo analisa nesta entrevista, a partir de declarações da presidente eleita Dilma Rousseff, os caminhos que a economia do país deverá trilhar. “O que temos percebido é que infelizmente a política econômica anunciada é contraditória, porque continua em grande parte fazendo o jogo do capital financeiro, o que é lamentável”, afirma.

O que se pode esperar do novo governo em termos de desenvolvimento do país?
No meu entendimento, esse governo deve manter a política de desenvolvimento econômico dos últimos anos do governo Lula, que apresenta um aumento dos gastos públicos em investimentos e um aumento dos gastos estatais, principalmente da Petrobras. Mas não vamos ter, como não tivemos no governo Lula, uma política consistente de desenvolvimento econômico. Porque se a política fiscal deve continuar expansionista, a monetária deve continuar recessionista, ou seja, os juros permanecerão elevados, assim como os compulsórios sobre os depósitos à vista. E a política de dólar fraco e real forte deve continuar. Então, devemos seguir como uma política contraditória, em que os aspectos monetário e cambial pisam no freio, enquanto a política fiscal continua expansionista.

Com relação ao salário mínimo, deve-se esperar um reajuste em que patamar?
Eu diria que devemos esperar um reajuste de 4% a 5% acima da taxa de inflação, algo em torno de 10%. Como não há clareza no que a presidente quis dizer, podemos fazer apenas conjecturas. E a nossa impressão é que poderemos, talvez, ter dois aumentos no mesmo ano, mas isso vai depender do comportamento da economia, por isso, tenho minhas dúvidas de que isso será realmente efetivado.

O sr. acredita na volta da CPMF?
Existe uma grande possibilidade de que essa reivindicação absurda se transforme em legislação, porque infelizmente nossos legisladores não estão preocupados com a situação do cidadão, mas com a dos cofres públicos. Poderemos ter a volta da CPMF, um imposto medieval, porque sua base de tributação não está em nenhuma atividade econômica geradora de riqueza, é uma mera transferência de recursos na esfera financeira. E embora tenha sido anunciada a alocação dos recursos da CPMF na saúde, 70% deles foram na verdade engordar o caixa o governo. Isso é um ponto negativo da política econômica do presidente Lula que, pelo visto, deve continuar no novo governo. O país não precisa manter os atuais níveis de superávit primário, até porque o superávit primário é uma forma de garantir a solvência das finanças públicas, ou melhor, a tranquilidade dos investidores, dos chamados capitalistas financeiros. Em nome de satisfazer os interesses do capital financeiro, nós sacrificamos a população brasileira. Isso é uma política que infelizmente tem grandes possibilidades de continuar, embora seja negativa sob quaisquer aspectos.

A carga tributária brasileira, por exemplo, já é muito alta...
Exatamente. O Brasil está caminhando para ter uma das maiores cargas tributárias do mundo, e não temos um nível correspondente de serviços. Essa carga tributária está sendo usada apenas como instrumento de valorização do capital financeiro, em vez de ser usada como instrumento de desenvolvimento do país, de aumento do bem-estar, ou coisa semelhante.

E quanto ao ritmo de crescimento do país?
É preciso dizer que, se o país cresceu muito, não foi graças à política do presidente Lula, mas essencialmente por causa dos bons ventos da conjuntura internacional. E hoje, embora essa conjuntura seja desfavorável para o crescimento em geral, pelo menos para os países desenvolvidos, é uma política favorável ao Brasil, porque a China, hoje o nosso maior mercado, continua crescendo aceleradamente. Desse modo, mantida a expansão da demanda por produtos brasileiros, a velocidade do crescimento é muito grande. Em segundo lugar, o capital financeiro internacional, que hoje não mais obtém rentabilidade nos países desenvolvidos – até porque a taxa básica de juros nos Estados Unidos está abaixo de 0,25% e na Europa de 1% – está procurando países onde a taxa de juros seja mais elevada, como é o caso do Brasil. Por isso, esse capital especulativo mantém seu fluxo para a economia brasileira. Apesar de tudo, esse ano devemos ter um déficit externo de 52 bilhões de dólares, que deve aumentar nos próximos anos e eventualmente conduzir o país a uma nova crise. Enfim, temos uma política econômica que, no conjunto, não é favorável e que no seu devido tempo vai mostrar seus resultados.

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