Diferentemente de outras investigações sobre educação básica, a pesquisa Trabalho docente na educação básica no Brasil, cujos resultados são divulgados esta semana na UFMG, inclui dados sobre educação infantil, e não apenas sobre o ensino fundamental e médio. “Esta é uma novidade que merece ser ressaltada, pois em geral as creches e pré-escolas não são consideradas quando se investiga trabalho docente na educação básica”, comenta a professora Lívia Fraga Vieira, uma das coordenadoras do levantamento, realizado em sete estados brasileiros, em 2009 e 2010, com apoio da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (MEC). Outra novidade é que não se trata de uma pesquisa realizada somente com professores. “Foram considerados sujeitos da pesquisa todos que atuam diretamente no processo educativo nas instituições educacionais, ou seja, professores, educadores, monitores, estagiários, diretores, coordenadores, supervisores, atendentes, auxiliares, entre outros”, ressalta Lívia. Dentre os resultados, a pesquisadora destaca que dois terços dos entrevistados recebem menos de dois salários mínimos; 44% dos professores afirmam ter aumentado o número de alunos por turma nos últimos anos; 70,03% consideram que houve alteração no perfil dos seus alunos; 55% consideram que há mais controle atualmente sobre seu trabalho; 66% afirmam que seu trabalho sofreu a incorporação de novas funções, contudo, 83% afirmam ter mais autonomia; e 77,4% afirmam que trabalhar na educação lhes proporciona grande satisfação. Outros dados estão sendo apresentados e discutidos em seminário que acontece até hoje (terça-feira, 9), no auditório Neidson Rodrigues, da Faculdade de Educação (FaE), no campus Pampulha. “A pesquisa procurou conhecer e analisar as mudanças promovidas pelas recentes políticas públicas para a educação básica nas duas últimas décadas no que se refere à organização e gestão escolar e suas consequências para a formação e a carreira docente”, comenta Lívia Vieira. Os oito grupos de pesquisa responsáveis pelo levantamento, sob a coordenação geral da professora Dalila Andrade Oliveira, que lidera o Grupo de Estudos sobre Política Educacional e Trabalho Docente (Gestrado), da FaE, procuraram traçar o perfil dos docentes em exercício na educação básica no Brasil, conhecer suas condições de trabalho e suas percepções sobre a educação, sobre seus alunos e suas próprias condições de trabalho. A pesquisa contou com 8.814 respondentes, entrevistados diretamente nas escolas, com um questionário contendo 85 questões, por pesquisadores de oito distintos grupos de pesquisa instalados em universidades públicas nos sete estados contemplados pela investigação.
O estudo foi realizado em sete estados brasileiros: Pará, Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Espírito Santo. Em cada estado foram pesquisadas escolas de educação básica das redes estadual e municipais de ensino e instituições privadas de educação infantil (comunitárias e filantrópicas conveniadas com o poder público).