Universidade Federal de Minas Gerais

Alexandre Godinho
ilustra_4.jpg
Observação do comportamento migratório de peixes

Pesquisadores usam canal experimental para estudar transposição de peixes

terça-feira, 23 de novembro de 2010, às 9h09

Nos próximos anos, duas usinas hidrelétricas de grande porte – Santo Antônio e Jirau – vão compor a paisagem do rio Madeira (RO), importante afluente do rio Amazonas. Mas o investimento de aproximadamente R$ 18 bilhões estaria comprometido se as obras não garantissem caminho livre para as espécies de peixes migratórios que, anualmente, atravessam quase toda a extensão da bacia amazônica.

Para ajudar na definição das características específicas das passagens de peixes que integrarão as obras das barragens, foi construído em uma das margens do rio, na altura da cachoeira de Teotônio, canal experimental inédito no país. Com 51 metros de comprimento por 3,75 metros de largura, o canal permitiu à equipe do professor Alexandre Godinho, do Departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), estudar o comportamento dos peixes em diferentes condições de velocidade e turbulência da água.

Os principais testes foram realizados de fevereiro a abril deste ano, período em que o canal oferecia condições ideais para simulação do leito do rio Madeira. “Com os experimentos feitos poderemos projetar mecanismos de transposição de peixes mais eficientes”, explica Godinho, ao destacar que esse modelo experimental é diferente de outros existentes, já que suas dimensões o transformam no primeiro no Brasil e na América Latina. “Só conheço um canal experimental desse porte, nos Estados Unidos. E a Cemig tem a perspectiva de construir um aqui em Minas Gerais”, informa.

Segundo Godinho, um dos testes realizados focalizou o comportamento migratório da dourada, peixe de couro (sem escamas) de grande importância para a pesca comercial na bacia amazônica. “Essa espécie normalmente nada em regiões mais profundas do rio, por isso tivemos que projetar uma passagem que permitisse sua entrada”, comenta o pesquisador, ao justificar a construção de uma estrutura com abertura de 20 metros de profundidade por quatro de largura. A geometria dessa abertura criará características não usuais dentro da passagem, como turbulência e velocidade, que precisam ser adequadas para permitir que os peixes subam. “Precisamos saber, antes da construção, quais condições hidráulicas devemos oferecer aos peixes”, esclarece.

Os primeiros testes foram feitos com pedras dentro do canal para reduzir a velocidade da água, mas as condições hidráulicas eram inadequadas. Também foi testado o uso de manilhas, que não deram bom resultado. “Optamos por outro sistema, composto por paredes transversais com ranhuras verticais que permitem a passagem dos peixes”, conta Godinho.

As conclusões dos testes podem servir de modelo para outros rios em que seja necessário abrir caminho para a circulação de peixes de fundo de rio. A equipe de Alexandre Godinho também está projetando mecanismo semelhante para o rio Xingu, na represa de Belo Monte. “A concepção é baseada nesse trabalho”, informa.

A construção do canal experimental, assim como das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, está a cargo do consórcio Santo Antônio Energia.

Migração
Alexandre Godinho, que trabalha com transposição de peixes desde a década de 1990, explica que muitos peixes já nascem migrando e mantêm esse comportamento em diferentes fases da vida, por motivos diversos. “Assim, no mesmo ponto de um rio, na mesma época do ano, há espécies subindo e outras descendo”, diz. Os filhotes da dourada, por exemplo, são encontrados nos chamados berçários, na foz do rio Amazonas. De lá seguem em direção à região oeste da bacia, onde ficam os sítios de desova, um dos quais no Madeira, no trecho localizado na Bolívia. Quando os peixes passam em Porto Velho (RO) ainda estão jovens, com 12 ou 15 quilos. Continuam se deslocando e vão atingir a maturidade e desovar a aproximadamente 1,5 mil quilômetros da capital de Rondônia, e não voltam mais. “Quem passa fazendo esse caminho inverso são os filhotes, com poucos centímetros, que se dirigem ao berçário, e daí a alguns anos retornam aos sítios de desova”, conta Godinho.

Segundo informações da empresa Eletrobras Furnas, com os trabalhos de implantação da usina de Santo Antônio foram registradas mais de 600 espécies de peixes, 30 das quais não descritas pela ciência.

(Publicado no Boletim UFMG, edição 1.720, de 22 de novembro de 2010. Autora: Ana Rita Araújo)

05/set, 13h24 - Coral da OAP se apresenta no Conservatório, nesta quarta

05/set, 13h12 - Grupo de 'drag queens' evoca universo LGBT em show amanhã, na Praça de Serviços

05/set, 12h48 - 'Domingo no campus': décima edição em galeria de fotos

05/set, 9h24 - Faculdade de Medicina promove semana de prevenção ao suicídio

05/set, 9h18 - Pesquisador francês fará conferência sobre processos criativos na próxima semana

05/set, 9h01 - Encontro reunirá pesquisadores da memória e da história da UFMG

05/set, 8h17 - Sessões do CineCentro em setembro têm musical, comédia e ficção científica

05/set, 8h10 - Concerto 'Jovens e apaixonados' reúne obras de Mozart nesta noite, no Conservatório

04/set, 11h40 - Adriana Bogliolo toma posse como vice-diretora da Ciência da Informação

04/set, 8h45 - Nova edição do Boletim é dedicada aos 90 anos da UFMG

04/set, 8h34 - Pesquisador francês aborda diagnóstico de pressão intracraniana por meio de teste audiológico em palestra na Medicina

04/set, 8h30 - Acesso à justiça e direito infantojuvenil reúnem especialistas na UFMG neste mês

04/set, 7h18 - No mês de seu aniversário, Rádio UFMG Educativa tem programação especial

04/set, 7h11 - UFMG seleciona candidatos para cursos semipresenciais em gestão pública

04/set, 7h04 - Ensino e inclusão de pessoas com deficiência no meio educacional serão discutidos em congresso

Classificar por categorias (30 textos mais recentes de cada):
Artigos
Calouradas
Conferência das Humanidades
Destaques
Domingo no Campus
Eleições Reitoria
Encontro da AULP
Entrevistas
Eschwege 50 anos
Estudante
Eventos
Festival de Inverno
Festival de Verão
Gripe Suína
Jornada Africana
Libras
Matrícula
Mostra das Profissões
Mostra das Profissões 2009
Mostra das Profissões e UFMG Jovem
Mostra Virtual das Profissões
Notas à Comunidade
Notícias
O dia no Campus
Participa UFMG
Pesquisa
Pesquisa e Inovação
Residência Artística Internacional
Reuni
Reunião da SBPC
Semana de Saúde Mental
Semana do Conhecimento
Semana do Servidor
Seminário de Diamantina
Sisu
Sisu e Vestibular
Sisu e Vestibular 2016
UFMG 85 Anos
UFMG 90 anos
UFMG, meu lugar
Vestibular
Volta às aulas

Arquivos mensais:
outubro de 2017 (1)
setembro de 2017 (33)
agosto de 2017 (206)
julho de 2017 (127)
junho de 2017 (171)
maio de 2017 (192)
abril de 2017 (133)
março de 2017 (205)
fevereiro de 2017 (142)
janeiro de 2017 (109)
dezembro de 2016 (108)
novembro de 2016 (141)
outubro de 2016 (229)
setembro de 2016 (219)
agosto de 2016 (188)
julho de 2016 (176)
junho de 2016 (213)
maio de 2016 (208)
abril de 2016 (177)
março de 2016 (236)
fevereiro de 2016 (138)
janeiro de 2016 (131)
dezembro de 2015 (148)
novembro de 2015 (214)
outubro de 2015 (256)
setembro de 2015 (195)
agosto de 2015 (209)
julho de 2015 (184)
junho de 2015 (225)
maio de 2015 (248)
abril de 2015 (215)
março de 2015 (224)
fevereiro de 2015 (170)

Expediente