Universidade Federal de Minas Gerais

Estudo revela como Mendes Pimentel defendeu princípios republicanos ao lutar pela disseminação do ensino

quinta-feira, 25 de novembro de 2010, às 9h50

O nome de Francisco Mendes Pimentel está historicamente ligado à UFMG, instituição da qual foi o primeiro dirigente, de 1927 a 1931. “Quase dá a impressão de que ele nasceu reitor”, brinca a historiadora Carolina Mostaro, ao se referir à faceta mais conhecida do educador, que também atuou como jurista, jornalista e político. Em dissertação defendida na Faculdade de Educação (FaE), a pesquisadora investigou a trajetória de Mendes Pimentel anterior a esse período, focalizando suas ideias e ações educacionais entre os anos de 1893 e 1910.

“Tentei fugir da leitura biográfica, em geral marcada por uma linearidade que mitifica e desumaniza. Por isso, procurei estudar a trajetória profissional de um homem que tem idas e vindas, mudanças de opinião e contradições”, comenta Carolina, que buscou compreender como o tema educação aparecia no discurso republicano do país no século 19.

Segundo ela, Mendes Pimentel atuou ativamente nos debates sobre educação, mantendo-se coerente com a defesa de princípios republicanos, ao lutar por “uma instrução pública capaz de formar o cidadão republicano nas letras e nas ciências, no amor pela pátria e pelo trabalho”. Ela explica que, entre os temas educacionais com que esteve envolvido, destacam-se a relação entre a disseminação da instrução pública e a consolidação da República, a importância do preparo adequado do professor e do incremento da carreira de magistério e o ensino profissional destinado às classes desfavorecidas.

Educação para o povo, como entendia e defendia Mendes Pimentel, seria a oferta de ensino primário aliada a uma habilitação profissional. “Inclusive, quando deputado, ele apresentou projeto de lei que instituía esse tipo de ensino. A lei foi aprovada, mas acabou não cumprida”, diz a historiadora, ao explicar que a proposta se sustentava na ideia de que era necessário oferecer condições de profissionalização às pessoas que não podiam dedicar toda a vida ao aprendizado escolar.

Na opinião de Carolina Mostaro, a defesa da educação popular iria se refletir na preocupação do futuro reitor com os estudantes pobres, ao criar a Fundação Afonso Pena, transformada depois em Fundação Universitária Mendes Pimentel (Fump), atualmente responsável pela gestão das moradias estudantis e pelo atendimento a alunos carentes da UFMG. “São duas propostas que se complementam: inicialmente a educação voltada para o povo, pois subentende-se que esse público não poderia participar do ensino secundário e do superior; já os casos que chegam a essas duas esferas são exceções e precisam de assistência”, explica a historiadora, ao se referir ao momento histórico de criação da Universidade.

Desenvolvida sob a chancela do Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação (Gephe), com apoio financeiro da Fapemig e da Capes, sob orientação do professor Luciano Mendes de Faria Filho, a pesquisa de Carolina Mostaro também oferece como resultado, segundo ela, “a reunião de um vasto conjunto, antes disperso, de fontes para o conhecimento da trajetória e do pensamento político e educacional de Mendes Pimentel”. A historiadora explica que a organização de tais fontes segundo os seus suportes e veículos permitiu não só o estabelecimento da periodização dessa trajetória, como também uma abordagem temática das principais preocupações e contribuições desse homem público para a educação.
Trajetória

Nascido no Rio de Janeiro, Mendes Pimentel veio ainda criança para Minas Gerais. Morou inicialmente em Pitangui e depois em Barbacena, onde se fixou e fez carreira, até a fundação de Belo Horizonte. Em Barbacena, além de atuar como advogado e professor de História, fundou o jornal A Folha, do qual era editor e o principal redator. Filiado ao Partido Republicano Mineiro, teve breve passagem pela política: atuou como deputado estadual por dois anos, foi eleito deputado federal, mas renunciou antes de completar um ano de mandato. “Ele se desiludiu com a política partidária e continuou, pela imprensa, a participar do debate político e a defender suas ideias, principalmente sobre educação”, diz Carolina Mostaro, que pretende continuar seus estudos sobre Mendes Pimentel, abordando também sua atuação como jurista.

Na Faculdade Livre de Direito de Minas Gerais, Mendes Pimentel obteve, por concurso, em 1899, a cadeira de Direito Criminal e atuou como vice-diretor e diretor, o que lhe abriu caminho para se tornar, em 1927, o primeiro reitor da Universidade de Minas Gerais (UMG). Como jornalista, começou suas atividades em fins da década de 1880, colaborando no periódico O Mineiro, de Barbacena. Na nova capital mineira, fez surgir o Diário de Minas (1899) e escreveu para o Jornal do Povo (1900).

Dissertação: Combatendo a ignorância, garantindo a ordem pública e o progresso da nação: ideias e ações educacionais de Francisco Mendes Pimentel (Minas Gerais, 1893-1910)
Autora: Carolina Mostaro
Orientador: Luciano Mendes de Faria Filho
Defesa: 18 de junho, junto ao Programa de Pós-graduação Conhecimento e Inclusão Social em Educação da FaE, na linha de pesquisa História da Educação

(Publicado no Boletim UFMG, edição 1.720, de 22 de novembro de 2010. Autora: Ana Rita Araújo)

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