Universidade Federal de Minas Gerais

Estudo inédito no Brasil associa opção partidária e comportamento reprodutivo

terça-feira, 30 de novembro de 2010, às 10h06

Se hoje a decisão sobre quantos filhos se quer ter está circunscrita a uma esfera estritamente pessoal, há cerca de três décadas essa escolha no Brasil poderia estar relacionada à opção por um dos dois partidos que mediam forças no cenário político, a Aliança Renovadora Nacional (Arena) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

A associação entre voto e fecundidade é um dos eixos de estudo inédito no Brasil desenvolvido no Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional de Minas Gerais (Cedeplar), da Face, e defendido recentemente como tese de doutorado. “Minha intenção foi explorar a relação entre o sufrágio e o comportamento reprodutivo brasileiro no período em que vigorava o bipartidarismo político”, comenta o sociólogo e doutor em demografia Everton Emanuel Campos de Lima, autor do estudo.

Para estabelecer essa associação, Everton Lima observa que, na década de 1980, os lugares onde o MDB tinha maior presença apresentavam, em média, um tamanho familiar 3% inferior ao dos municípios arenistas. “Quem votava no MDB rompia com a ideia do controle comunitário sobre a política, marca da aliança entre os coronéis e o partido do governo, a Arena. O eleitor passou a ser orientado por valores individuais e democráticos e começou a escolher em quem votar e, possivelmente, o número de filhos que iria ter”, diz o demógrafo.

Hegemônicos nos chamados ‘grotões’ – expressão cunhada por Tancredo Neves, uma das principais lideranças do MDB –, os coronéis determinavam em quem as pessoas deveriam votar e apadrinhavam a formação de proles numerosas. “Para os coronéis, quanto mais filhos, melhor. Mais lavradores eles teriam para trabalhar em suas terras”, diz Everton Lima.

As áreas sob o domínio do MDB estavam concentradas no Sul e Sudeste do país, em especial nas regiões metropolitanas, onde a transição demográfica e a sociedade de consumo concretizaram-se mais rapidamente. “Com o êxodo rural e a consolidação de um mercado de trabalho formal nas cidades, os trabalhadores já não tinham mais estímulos para ter muitos filhos”, lembra Lima.

Fator residual
Embora seu estudo se baseie nos dados do Censo Demográfico de 1980, Everton Lima ressalva que a mudança no comportamento reprodutivo brasileiro havia começado antes, em meados da década de 60. “Claro que outras condições sociais e econômicas precipitaram essa transição demográfica, mas quis abordar uma fator residual – a relação entre o voto e a opção de escolher o tamanho das famílias –, que ainda não havia sido explorada no Brasil”, completa.

De acordo com o autor, esse efeito perdurou e até se aprofundou nas décadas seguintes. Dados extraídos de edições mais recentes do Censo revelam que, nas áreas dominadas pelo MDB nos anos 1970, os níveis reprodutivos eram 10% (1991) e 15% (2000) inferiores às localidades em que a Arena prevaleceu no passado.

O demógrafo também cruzou informações entre escolaridade feminina e a supremacia política nos municípios. “O nível de instrução é fator crucial para a queda das taxas de fecundidade. Por isso, usei essa variável como base de comparação”, justifica Everton. Suas simulações mostraram que uma mulher moradora de cidade emedebista tinha, em média, número de filhos equivalente ao de uma mulher residente em um município arenista, mas com um ano a mais de estudo. “Isso significa que o efeito de um reduto eleitoral emedebista sobre a média de filhos de uma mulher era idêntico ao ganho de um ano de estudo”, conclui o pesquisador.

(Publicado no Boletim UFMG, edição 1.721, de 29 de novembro de 2010. Autora: Clarice Cerqueira)

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