Estudo que analisou vetores da dengue em três regiões da capital constatou que larvas do mosquito Aedes aegypti estão sendo infectadas simultaneamente por dois sorotipos do vírus. “Tal fato implica em maiores riscos das pessoas se contaminarem mais de uma vez", avalia o médico José Eduardo Marques Pessanha, autor da tese sobre o fenômeno, defendida junto ao programa de pós-graduação em Saúde Pública da Faculdade de Medicina da UFMG. Pessanha alerta que “em determinadas regiões já coexistem, no mesmo vetor, ao menos dois sorotipos da doença”, e que ao ser infectado por um dos tipos virais da dengue, o paciente fica imune apenas ao sorotipo com o qual teve contato. “Uma das hipóteses de ocorrência de casos mais graves da doença está relacionada a uma segunda infecção, independentemente do tipo viral em questão”, afirma. Apresentada na forma de três artigos, a tese teve como objetivo principal permitir a compreensão da situação da dengue em Belo Horizonte. Isso foi feito por meio de inquérito populacional aleatório, em três regiões (Centro-Sul, Leste e Venda Nova), entre 2006 e 2007. Como complemento, foi realizada avaliação do Programa Nacional do Controle da Dengue, que apontou dificuldades relacionadas ao cumprimento das metas do Programa, com resultados ineficientes e abaixo do esperado. Registro de casos Pessanha observa que este resultado positivo é fruto da busca ativa de novos casos, possível pela ampliação das fontes de notificação, e que a medida acarreta em prevenção e vigilância mais eficazes. “Antes, a informação era procedente principalmente das unidades de saúde da rede pública. Atualmente laboratórios e consultórios médicos particulares notificam os casos suspeitos da doença de forma mais regular. Conhecendo as áreas em que houve maior incidência de contaminação, é possível canalizar esforços para evitar que uma nova epidemia aconteça nestas regiões”, diz o pesquisador. Estratégias personalizadas “Antes da adoção de estratégias de educação e de incentivo às mudanças comportamentais relacionadas à saúde coletiva sempre se deve considerar o conjunto e as particularidades das características de cada comunidade. É necessário que sejam feitos novos estudos de qualidade de vida urbana e o mapeamento de áreas de risco para orientar estratégias de prevenção e assistência adequadas ao contexto das diferentes áreas da cidade”, avisa Eduardo Pessanha. Leia mais sobre a questão:
A pesquisa mostrou ainda que Belo Horizonte apresenta melhor reconhecimento da dengue do que o padrão mundial de notificação da doença. A capital mineira apresenta uma relação de três ocorrências sem notificação para cada episódio diagnosticado. A estimativa encontrada na literatura científica é de dez casos não conhecidos para cada notificado.
A pesquisa sugere ainda que novos estudos sejam desenvolvidos para aprofundar o conhecimento sobre a incidência da dengue entre as microáreas urbanas e recomenda que programas de controle de vetores e de assistência ao paciente devam considerar e atender as particularidades localizadas nos grupos mais expostos.
Estudo confirma a circulação de novo genótipo de vírus da dengue na região de Belo Horizonte
(Com Assessoria de Comunicação da Faculdade de Medicina)