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Especialistas de várias áreas da UFMG se reuniram na tarde desta terça-feira, dia 14, na Reitoria, para analisar os desafios que a questão da sustentabilidade impõe ao novo Plano Diretor do campus Pampulha. Aberto pela professora Maria Lúcia Malard, pró-reitora adjunta de Planejamento, o evento foi o último da série de sete reuniões preparatórias realizadas este ano para discutir a formulação de uma política de gestão de resíduos e consumo de água e energia no campus Pampulha. Esse processo culminará com a realização, em abril de 2011, de seminário que definirá uma proposta de gestão de resíduos. Segundo o professor Fausto Brito, diretor de Meio Ambiente e Sustentabilidade da UFMG, o documento será encaminhado ao reitor Clélio Campolina e a sua equipe para discussão e consequente implantação. "A ideia é que essas normas sejam transformadas em uma política para toda a Universidade", afirmou Brito. O evento foi organizado pelas diretorias de Meio Ambiente e Sustentabilidade, ligada à Pró-Reitoria de Extensão (Proex), e de Gestão Ambiental, vinculada à Pró-Reitoria de Administração. Zoonoses “O perfil de quem circula na UFMG é de uma pessoa muito bem informada. Mas ela ainda não se sente responsável pelo combate aos focos da doença”, alerta Cristina Lisboa. Segundo ela, 12 caminhões de 1,5 toneladas cada foram retirados recentemente da UFMG, com o chamado de “lixo da dengue” – pneus e copos plásticos, entre outros. Além disso, a Regional Pampulha também constatou presença de escorpiões em três quartos dos prédios do campus e em quatro deles foram relatados acidentes com alunos. Diante desses desafios, a ideia é que seja criado um comitê para monitoramento e controle dessas zoonoses e lançada cartilha para conscientizar a comunidade acadêmica sobre formas de prevenção de doenças e acidentes. Gastos monitorados "Há muito desperdício no campus", afirmou ele. Com base nos dados extraídos do sistema de monitoramento, Jota lembrou, por exemplo, o fato de muitos equipamentos manterem o mesmo nível de consumo em horários em que deveriam estar desligados, como o intervalo de almoço. O sistema também desmitifica algumas ideias consagradas sobre consumo de energia em equipamentos. “Deixá-los em stand-by não ajuda em nada. Pelo contrário: provoca um desperdício enorme”, explica. Somados, os gastos anuais da UFMG com energia e água chegam perto de R$ 3,5 milhões, valor que, segundo o professor Fausto Brito, são muito altos considerando o seu orçamento de custeio. Energia alternativa O seminário também serviu para discutir a construção de prédios de caráter sustentável, principalmente no chamado quarteirão dez, nas imediações do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN). De acordo com o professor do departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da UFMG, Gilberto Bandeira de Melo, estão sendo estudadas possibilidades de utilização de energia geotérmica, eólica, solar e de biomassa. “Temos que aproveitar o conhecimento de que dispomos hoje na edificação de novas unidades. É preciso pensar em como aproveitar a luminosidade, o isolamento térmico e o uso de bombas de calor”, esclarece. Nessa perspectiva, Bandeira de Melo também mencionou o aproveitamento da água das chuvas e a utilização de resíduos de compostagem para geração de novas formas de energia.
No seminário de hoje, um dos temas de maior destaque foi a discussão de estratégias de controle de zoonoses no campus Pampulha. Segundo a representante da Regional Pampulha da Prefeitura de Belo Horizonte, Cristina Lisboa, o campus UFMG sofre com a presença de pombos, de roedores, de escorpiões e de larvas e mosquitos Aedes aegypti. Este último, o causador da dengue, é alvo de maior preocupação: 88% das unidades do campus são depositárias de larvas e pupas da espécie. Isso significa que as quase 50 mil pessoas que circulam diariamente pela UFMG estão expostas a esse agente.
Energia e água são dois dos insumos que mais impactam as contas da Universidade, e o seu consumo pode ser racionalizado. O alerta foi feito pelo professor Fábio Jota, do Departamento de Engenharia Elétrica da Escola de Engenharia, que apresentou um modelo para monitoramento de gastos na UFMG com água e energia.