A UFMG participará pela segunda vez, entre janeiro e fevereiro de 2011, de uma expedição à Antártica. A viagem dará sequência a projeto, coordenado na instituição pelo professor Andrés Zarankin, que visa conhecer, do ponto de vista da Arqueologia e da Antropologia, o processo de ocupação humana do território. Uma das novidades dessa segunda expedição será a presença da professora Yacy-Ara Froner Gonçalves, do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis (Cecor) da Escola de Belas-Artes da UFMG. Ela vai cuidar da embalagem e tratamento in situ dos artefatos. Segundo a pesquisadora, que atua no Laboratório de Ciência da Conservação (Lacicor), vinculado ao Cecor, a área de conservação não segue para a Antártica apenas como braço técnico, mas leva conhecimento capaz de renovar a pesquisa de acervos arqueológicos. “Essa é uma oportunidade única para nosso campo de conhecimento, que se consolida como área de pesquisa científica”, ressalta Yacy-Ara, que chefiou o laboratório de conservação e restauração do Museu de Arqueologia e Etnografia da USP. A expectativa da pesquisadora é de que durante as duas primeiras semanas de permanência na península Byers, na Antártica, ela acompanhará a equipe de arqueologia na coleta de campo. Quando houver volume significativo de artefatos, será montada uma barraca-laboratório onde ela fará a limpeza superficial de sedimentos, secagem e embalagem para evitar impactos durante o transporte. Yacy-Ara fará também acompanhamento fotográfico e controle de temperatura e umidade locais, para que seja possível monitorar o comportamento dos materiais na migração para situação climática muito diferente no Brasil. “Ao lidar com os artefatos trazidos da primeira expedição, no início deste ano, aprendemos que os materiais necessitam de aclimatação antes do tratamento de preparação para exposição. Os objetos estão mantidos em geladeira”, ela explica. Primeiros objetos O trabalho realizado na UFMG tem participação de cinco alunas da graduação em Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis. O tema deverá ser adotado pelas graduandas para desenvolvimento de monografias de final de curso e de cursos de mestrado. Treinamento Yacy-Ara participou do Treinamento Pré-Antártico, atividades intensivas com duração de uma semana. Os participantes, das mais diversas áreas, são informados sobre as características ambientais da região, aprendem sobre segurança, deslocamento e tudo que é necessário para a adaptação ao local da expedição.
Os objetos (em couro, metal, madeira, tecido, ossos, vidros e cerâmicas) encontrados na expedição de 2010 estão sendo tratados no Lacicor, de forma paulatina e com apoio de material bibliográfico. O material está sendo limpo, acondicionado e analisado. Segundo Yacy-Ara, as análises têm papel duplo. “Elas geram informações arqueológicas e dão subsídios para definição das técnicas de preservação, incluindo os produtos para conservação”, afirma a professora da Escola de Belas-Artes da UFMG, que atuou como consultora para acervos antropológicos no Museu Nacional da UFRJ.
As equipes que viajam à Antártica em expedições do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) contam com acompanhamento da Marinha Brasileira, que inclui embarcação de apoio, helicóptero de prontidão e a presença de um alpinista na equipe. Yacy-Ara Froner, que nunca havia imaginado que viria a ter uma experiência como essa expedição, garante que se sente segura.