“Vamos caminhar hoje?” A pergunta, aparentemente simples, pode estimular de forma significativa a prática de atividades físicas. Segundo pesquisa feita pelo Observatório de Saúde Urbana de Belo Horizonte (Osubh) da Faculdade de Medicina da UFMG, ter companhia para a prática de exercícios e o incentivo de pessoas próximas aumenta as chances de o indivíduo começar a se exercitar e também auxilia na manutenção deste hábito. Premiada na Conferência Internacional de Saúde Urbana (Icumh-2010), realizada no final de outubro, em Nova Iorque, a pesquisa investigou se o fato de ter companhia para se exercitar resulta em algum impacto sobre o incremento da atividade física. “O resultado aponta que sim. Pessoas que dispõem de acompanhante e incentivo para a realização de exercícios têm 2,64 vezes mais chances de atingir ou manter-se nos níveis de atividade física recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”, afirma a nutricionista Janaina Goston, uma das autoras do estudo. O levantamento mostra ainda que homens solteiros com alto nível de escolaridade e renda maior que cinco salários mínimos são o perfil mais comum entre os praticantes de atividades físicas. O conhecimento desse dado é de extrema importância, destaca a nutricionista, porque permite a estudiosos pensarem medidas para estimular a prática conjunta de atividades físicas e reduzir, consequentemente, o sedentarismo. Este foi definido pela OMS como o quarto maior fator de risco de mortalidade. De acordo com trabalho publicado pela OMS em 16 de novembro de 2010, ele é responsável por pelo menos 21% dos casos de tumores malignos de mama e de colo do útero, por 27% dos registros de diabetes e 30% das queixas de doenças cardíacas. Relacionado a este problema, a pesquisa obteve resultados considerados alarmantes. “O número de indivíduos inativos é ainda muito grande”, diz a nutricionista. Dos 3.454 participantes, entre 18 e 69 anos, das regionais Oeste e Barreiro de Belo Horizonte, que responderam ao questionário, 60,3% foram categorizados como inativos (2.083), 23,2% como insuficientemente ativos (801) e 16,7% ativos (577). Essas categorias foram elaboradas com base em definição dada pela OMS. “Para a Organização, ativo é aquele que pratica 150 minutos de exercício por semana (30 minutos por dia) em intensidade moderada ou vigorosa”, explica. O insuficientemente ativo é aquele que realiza em média 10 minutos de atividades diárias e o inativo é o individuo que está abaixo disso. Pesquisa: Perceived Social Support and Leisure-time Physical Activity Levels in Adults Living in a Large Urban Center: “Saúde em Beagá”
Autoras: Janaina Goston, nutricionista, e Amanda Souza, bioestatística
Coordenadores: professores Waleska Caiaffa e Fernando Proietti – Programa de Pós-graduação em Saúde Pública
Ano: 2010