Analisar o comportamento do mercado financeiro brasileiro em meio à crise econômica mundial de 2008. Este foi o objetivo da monografia de autoria de Eric Lisboa Codo Dias, aluno da Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, sob orientação do professor do Departamento de Economia Marco Aurélio Crocco Afonso. O trabalho, apresentado no primeiro semestre de 2010, ganhou o terceiro lugar na categoria Política Fiscal e a Crise Econômica Internacional, do XV Prêmio Tesouro Nacional, realizado pelo Ministério da Fazenda. Em sua pesquisa, Eric expõe que a existência de um sistema financeiro regulado e organizado no Brasil, capaz de avaliar e evitar cenários de riscos, conferiu aos bancos a solidez necessária para enfrentarem a crise internacional sem grandes impactos, diferentemente do que aconteceu com os Estados Unidos e outros países desenvolvidos, que foram seriamente afetados pela recessão. Isso não quer dizer que o país não tenha sofrido com a crise da economia mundial. Como destaca Eric, apenas indica que o efeitos foram de menor escala e atingiram não tanto os bancos nacionais, mas, sobretudo, “empresas não-financeiras que se arriscaram em operações demasiadamente especulativas”. De acordo com o autor, ao olhar para o desempenho econômico brasileiro de 2008 fica claro que os números não foram favoráveis, como é o caso do Produto Interno Bruto (PIB) - foi negativo naquele ano. Porém, essa queda de rendimento “deve-se mais ao contexto de expectativas ruins e de grande incerteza quanto ao futuro do que a fatos concretos, como bancarrotas ou grandes abalos no sistema financeiro”, destaca. Aporte teórico Para ele, os teóricos liberais, nas últimas décadas, deturparam o papel das autoridades econômicas e dos próprios bancos na determinação das condições de crédito e liquidez na economia ao defenderem a autorregulação do mercado, reduzindo ao mínimo as intervenções estatais no sistema financeiro. “Na crise mundial de 2008, assistimos à fragilidade desta sustentação teórica e ao desmoronamento dos mercados financeiros”, destaca. Na tentativa de entender a conjuntura econômica, economistas da mídia especializada e autores de economias econômicas encontraram nas teorias pós-keynesianas o que os liberais não conseguiram justificar.
Para empreender o estudo, Eric Lisboa utilizou de teorias de John Maynard Keynes e de Hyman Minsky, autor pós-keynesiano, que se baseia, de forma genérica, na defesa do papel intervencionista do Estado, tendo em vista o controle e fomento da economia. Segundo Eric, a escolha dessa linha de análise se justifica pelo fato de teorias liberais não terem dado conta de explicar a realidade econômica em toda sua complexidade.