Verificar as condições de acesso a espaços públicos e apontar inadequações foi a proposta do trabalho Acessibilidade em espaços públicos na orla da Lagoa da Pampulha, de autoria da estudante Carolina Carvalho Santini com orientação de Cláuzia Paiva Batista. O estudo é vinculado a projeto sobre acessibilidade do Colégio Técnico (Coltec) da UFMG, com bolsas do Programa Vocação Científica Jr. (Provoc), voltado para estudantes do ensino médio. A professora Cláuzia Batista explica que foram pré-selecionados estudantes de várias escolas. Carolina, aluna da Escola Estadual Anita Brina Brandão, escolheu estudar as condições do espaço público na orla da Pampulha, lugar de grande visitação popular e que receberá jogos da Copa do Mundo em 2014. Foram definidos quatro locais para o estudo: a Casa do Baile, a Igreja de São Francisco de Assis e o Museu de Arte da Pampulha, construídos na década de 1940, e o Parque Ecológico Promotor Francisco Lins do Rego, inaugurado em 2004. Segundo Carolina, o objetivo era comparar as construções mais antigas com uma instalação mais recente, e perceber os esforços e necessidades de adaptação nos locais. Ele fez levantamento histórico sobre cada um dos pontos, para entender as limitações impostas para que o patrimônio não seja descaracterizado. A conclusão do trabalho aponta falta de consenso ao se adotarem as normas de acessibilidade. Os principais problemas incluem: inexistência de sinalização adequada, especialmente para deficientes visuais; barreiras arquitetônicas nos prédios; falta de projetos para implantação das condições de acessibilidade, tanto nos prédios antigos, quanto no parque, mais novo. Apesar dos diversos problemas, Cláuzia Batista reconhece que há um esforço do governo municipal no sentido de adaptar os espaços públicos, sobretudo por meio da Secretaria Municipal de Cidadania. Ela aponta a frota de ônibus de Belo Horizonte como referência de visibilidade no tema acessibilidade, já que as unidades que oferecem condições exibem o símbolo internacional de acesso. “As conquistas até agora são resultado de exigência do governo, por meio de leis, mas também de amadurecimento e demandas de setores organizados da população”, ela ressalta. Acesso aos espaços do saber O pró-reitor de Planejamento da UFMG, José Nagib, confirma que a Universidade ainda precisa adotar muitas medidas para facilitar o acesso de todos. “É responsabilidade da instituição fornecer as condições para o sucesso acadêmico dos estudantes com necessidades especiais.” Segundo ele, os maiores problemas de acessibilidade se encontram nos prédios antigos, que não estão totalmente adaptados, embora venham sofrendo modificações a cada processo de reforma ou manutenção de instalações; e também nas calçadas e ruas do campus Pampulha, que são irregulares e dificultam o trânsito das pessoas com problemas de visão ou de locomoção. Já os prédios novos, construídos a partir do programa Campus 2000, estão adequados à legislação. “À medida que entram na Universidade mais alunos com necessidades especiais, precisamos aumentar a oferta de serviços. Há na Fafich um centro de apoio a deficientes visuais e já estamos estudando a implantação de outro no campus Saúde”, disse Nagib, acrescentando que a última licitação prevê que a frota de ônibus internos tenha condições para atender portadores de necessidades espoeciais com respeito à locomoção.
Também no Colégio Técnico está sendo desenvolvido, desde 2009, o projeto Acessibilidade em Edificações e seus Entornos, que se concentra em analisar as condições de acesso ao seu prédio. Segundo Cláuzia, há problemas na sinalização para deficientes visuais, mas a principal dificuldade é encontrada por pessoas com problemas de locomoção, apesar de iniciativas como a construção de uma rampa na entrada do prédio.
Condições de acessibilidade na Pampulha foram pesquisadas por Cláuzia Batista (à esquerda) e Carolina Santini (à direita).
Rampa de acesso para cadeirantes, na entrada do Coltec (imagens: Foca Lisboa)