Universidade Federal de Minas Gerais

Foca Lisboa
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Mauro Teixeira, Wagner Meira e Virgílio Almeida: liderança em novas tecnologias contra a dengue


Observatório da Dengue inicia funcionamento com alta capacidade de prever surtos

quarta-feira, 16 de março de 2011, às 8h29

Se onde há fumaça também há fogo, o mesmo pode-se dizer das conclusões do Observatório da Dengue, serviço on-line que a UFMG lança nesta quarta-feira, às 15h, durante o Fórum Mineiro de Inovação: onde há muita conversa, a doença chegou. Não é suposição. Por meio de tecnologias desenvolvidas para o projeto, pesquisadores demonstraram que é alta a correlação entre o volume de registros de mensagens sobre dengue nas redes sociais e a ocorrência de surtos e focos nos locais de origem das informações.

Aliado a isso, os mesmos pesquisadores confirmaram que, como o novo serviço acompanha em tempo real o movimento dessas mensagens na web, seus usuários conseguem se informar, antecipadamente, sobre a probabilidade de explosão de epidemias em suas localidades. A capacidade de previsão de surtos, considerada inédita entre ferramentas similares, foi testada e validada nos últimos seis meses e obteve índices próximos a 85%, como informa o coordenador do projeto, Wagner Meira Jr., professor do Departamento de Ciência da Computação da UFMG. A taxa indica que é alta a probabilidade de a informação extraída na rede sobre ocorrência da epidemia estar próxima do dado real.

"O Observatório identifica locais onde a dengue está acontecendo e que podem ser lugares ainda não alcançados pelos registros oficiais ou não tradicionais no conceito de endemia da doença", esclarece Meira. O serviço pode antecipar em semanas a possibilidade de expansão de focos de dengue.

O método em uso no país ainda não comporta tal agilidade. Conhecido como LIRAa (Levantamento Rápido de Índices de Infestação pelo Aedes aegypti), ele consiste em identificar, com ida de técnicos a campo, a densidade de vetores ou larvas do mosquito que causam a doença nas regiões. "A nova tecnologia parece ser capaz de prever riscos de modo mais rápido do que os órgãos oficiais", observa o professor da UFMG Mauro Teixeira, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) em Dengue e integrante da equipe que lidera o desenvolvimento da ferramenta nos laboratórios da UFMG.

As informações finais apresentadas pelo Observatório da Dengue resultam de processamento feito por dezenas de softwares de código livre, após coletarem milhões de citações sobre a doença em uma centena de jornais e revistas on-line, portais de notícias e blogs, além de sites de relacionamento, como Facebook, Twitter e YouTube.


Aedes aegypti_fiocruz.JPG
As palavras-chaves fornecidas para que os robôs saiam à procura de dados relevantes incluem, além de dengue, mosquito e Aedes aegypti, sintomas como dor, manchas, febre e outros relativos à doença. Para realizar essa varredura, as ferramentas são "treinadas" para reconhecer uma informação válida.

O serviço,acessível pela internet,está hospedado no endereço http://observatorio.inweb.org.br. Na página, é possível consultar, por exemplo, mapa com o tráfego de mensagens sobre a doença, com sua localização geográfica. Além disso, a partir de palavras-chave, fotos e vídeos mais citados na rede social sobre dengue são constantemente atualizados. O serviço também acompanha a oscilação dos sentimentos relativos à doença expressos pelos internautas. "Há medo, revolta, mas também ironia entre eles", revela Meira.

Devido à consistência dos resultados obtidos, a nova tecnologia poderá cumprir papel de apoio no controle epidemiológico da dengue no Brasil – que, conforme dados do governo federal, teve quatro milhões de casos notificados entre 2000 e 2009. A doença é endêmica em 100 países e atinge pelo menos dois bilhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde. Uma das cidades mais afetadas, Belo Horizonte teve, no ano passado, cerca de 68 mil casos notificados, com 15 mortes.

Tanto o Ministério da Saúde como a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais demonstraram interesse nos dados gerados pelo Observatório. A abertura de espaço para lançamento do serviço no Fórum Mineiro de Inovação decorre do apoio das autoridades mineiras, incluindo a Secretaria de Estado de Tecnologia e Ensino Superior (Sectes). No evento, agendado para ocorrer no Palácio Tiradentes, estarão presentes o governador Antonio Anastasia e o reitor da UFMG, Clélio Campolina.

Testes
Essa modalidade de ferramenta de monitoramento, focada em extrair informação útil sobre comportamento de usuários da internet frente a eventos e fenômenos sociais, é a terceira lançada em um ano por pesquisadores do Observatório da Web. As anteriores acompanharam a Copa do Mundo de Futebol e as eleições de 2010. O projeto integra estudos do INCT para a Web, ou INWeb, apoiado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e pela Fapemig. A coordenação é do Departamento de Ciência da Computação da UFMG. O protótipo para o serviço destinado ao monitoramento e previsão de surtos de dengue tem, no entanto, parceria com o INCT em Dengue, coordenado também pela UFMG.

"A ideia de produzir o serviço se inspirou em artigo publicado na revista científica Science, em agosto de 2010", informa o professor Mauro Teixeira. A pesquisa, conduzida pelo Centers for Disease Control and Prevention, o CDC de Atlanta, e pelo Google, demonstrou a capacidade preditiva de ferramentas de monitoramento de informações na web para a ocorrência de epidemias com o vírus Influenza.

No Brasil, a validação dessa capacidade para o algoritmo idealizado para a dengue consistiu em inter-relacionar dados epidemiológicos coletados pelos governos nos anos passados com tweets do mesmo período. "Temos o histórico de todas as mensagens postadas desde que o Twitter foi criado. São pelo menos 60 bilhões de tweets do mundo inteiro", contabiliza o professor da UFMG Virgílio de Almeida, coordenador do INCT para a Web. Reunidos os dados, robôs treinados com as palavras-chaves vasculharam, no tempo e no espaço, a correlação das mensagens com ocorrências notificadas da doença. A taxa, calculada por Meira em 85%, foi extraída desses testes.

"O Observatório da Dengue demonstra como os resultados de pesquisa podem ser transformados em tecnologia de relevância social imediata conjugando de forma harmônica e efetiva conhecimentos de várias áreas", reforça o pesquisador Wagner Meira. Ele informa que o grupo está analisando os primeiros dados de 2011. "Os resultados novamente indicam que há grande correlação entre o que se percebe em redes sociais como o Twitter e o que de fato acontece do ponto de vista epidemiológico", detalha.

Ajustes
De acordo com Meira, a performance da ferramenta é melhor, no entanto, em locais onde o número de usuários do Twitter é maior. "Essa base é válida cientificamente porque possui proporcionalidade em relação à população. Nossos estudos produzem informações seguras, mas estamos aprimorando a metodologia com pesquisadores da Demografia da UFMG para aumentar a acurácia dos dados coletados e utilizá-los na previsão de surtos de dengue", acrescenta. O problema decorre do dinamismo das redes ao incorporarem novos usuários mais rapidamente. "Nesse caso, pode surgir a dúvida se o maior número de mensagens sobre a doença decorre do aumento do número de usuários ou da doença", observa, reforçando, no entanto, que essas informações são avaliadas em função da população de um local.

Outra etapa de aperfeiçoamento da tecnologia deverá contar com a contribuição do Estado. "Com a aplicação desse recurso pensado originalmente para a área de pesquisa acadêmica, poderemos verificar como ele será utilizado pelos gestores, para então adaptá-lo", diz Mauro Teixeira. Ele lembra que, por esse motivo, a transferência da tecnologia não é um processo banal. Ainda de acordo com Teixeira, outro desafio para o Observatório consiste em avaliar o impacto nas redes sociais de campanhas de dengue durante e fora do período das epidemias.

"A área de saúde muitas vezes desconhece a eficácia das campanhas. Por meio da nova tecnologia será possível avaliar esse aspecto a partir da análise de mensagens postadas", diz. Além disso, o serviço poderia também medir em tempo real a eficácia de medidas destinadas a controlar surtos relatados da doença. As novas funcionalidades ainda serão validadas. "Queremos que a ferramenta seja aperfeiçoada para o agente que está na ponta da linha, lidando diretamente com a situação. Nossa tarefa é intensificar a colaboração interdisciplinar dos INCTs, um investimento público para fornecer soluções na gestão de doença de interesse coletivo”, conclui Teixeira.

Os INCTs,c riados no final de 2008, são financiados pelo CNPq e Fapemig.

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