Universidade Federal de Minas Gerais

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Rodinei Augusti ao lado do espectômetro de massa: estratégia tecnológica extrai a identidade molecular de produtos de grande consumo

'Impressão digital' de azeites de oliva pode auxiliar no combate a fraudes do produto

terça-feira, 22 de março de 2011, às 7h29

A extração de espécie de assinatura molecular é o novo recurso para combater adulterações em um dos mais saudáveis e caros óleos alimentares de consumo humano: o azeite de oliva extravirgem. O método foi descrito em 2010 por equipes da UFMG e da Universidade Federal de Uberlândia e veiculado na edição on-line da publicação científica Rapid Communications in Mass Spectrometry. A originalidade, precisão e rapidez do processo atraíram a atenção do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), responsável pela regulamentação do produto no país, com a visita de técnicos aos laboratórios da Universidade.

Em apenas um minuto, os pesquisadores, coordenados pelo professor do Departamento de Química da UFMG Rodinei Augusti, conseguiram verificar a presença de azeite de pior qualidade na composição do extravirgem, em porções extremamente baixas (até 1%), utilizando um espectrômetro de massas. Os processos em uso atualmente demoram cerca de uma hora para detectar adulteração com adição de óleos diferentes.

As vantagens do método encontram razão para o olhar que recebeu de técnicos do governo. Com consumo em alta no Brasil - nos últimos nove anos essa variação chegou a 120% -, o azeite de oliva é alvo de fraudes constantes como informações enganosas em rótulos e mistura de óleos menos nobres como milho, soja e canola. O problema é tão grave que testes do Inmetro realizados com 13 marcas, em 2004, encontraram adulterações em seis delas, ou seja, em 46% do lote

Conforme definição em vigor, a legislação federal brasileira considera ser azeite de oliva produto que não contenha mistura com outro tipo de óleo. Sua concentração varia entre quatro categorias: extra-verigem, virgem, refinado e comum. Com consumo anual em torno de 50 mil toneladas e entre os dez maiores compradores do produto em todo o mundo, o país, no entanto, não possui regulamentação mais detalhada para a qualidade do azeite importado, condições técnicas para armazenamento e plantio de mudas. Para fazer frente ao problema, o Mapa abriu, em 2010, consulta pública sobre normas técnicas para a questão.

Revelações da massa
O diferencial do método de análise proposto pela equipe de Rodinei Augusti,, decorre em parte do uso do espectrômetro de massas. O equipamento é capaz de identificar moléculas de compostos por meio da leitura de sua massa. Conectado a computador, o espectrômetro "transmite" quase instantaneamente esses dados, que vão alimentar gráfico, visualizado em tela. A caracterização do produto ocorre nesse processo, em que são reveladas as moléculas nele presentes.

"É como se produzíssemos seu fingerprinting, ou impressão digital", resume Rodinei Augusti, que coordena a pesquisa na UFMG. De posse desse perfil é possível então detectar a pureza e o percentual da presença de outros compostos em um produto. A comparação é feita por programas matemáticos. Dessa forma, é possível determinar quanto há de adição de cada classe de produto numa mistura.

"Não trabalhamos com adulterações reais; nós as simulamos em laboratório para desenvolver o método e testar sua qualidade", esclarece Augusti, que contou com a colaboração da aluna de pós-graduação Júnia de Oliveira Alves. Dessa forma, estratégia para a análise do azeite de oliva consistiu em processar 20 amostras do extravirgem adicionadas com variadas doses do óleo de oliva comum, o de qualidade mais baixa. Os produtos, sem adulterações, foram adquiridos em supermercado - dez marcas do azeite comum e dez do extravirgem.

"Extraímos a impressão digital de cada uma das amostras, criando misturas adulteradas de 1% até 20%", relata o pesquisador. "Esse tipo de fraude que usa diferentes tipos de azeite é muito difícil de identificar e há muita gente que faz isso", acrescenta. O método fez surgir um novo patamar de precisão. Explica-se: nem sempre é possível detectar alterações em produto feitas com variedades dele mesmo, como no caso das classes de azeite, que têm como procedência a oliva. Se o espectrômetro identifica moléculas específicas para cada óleo como consegue enxergar que há mistura da mesma substância?

"Embora sejam produtos feitos da mesma matéria-prima, as moléculas que caracterizam o extravirgem e o azeite comum - ésteres de cadeia longa - são ligeiramente diferentes e estão presentes em concentrações diferentes nessas matrizes. O espectrômetro permite verificar esse nível de especificidade", relata Augusti.

O método é considerado tão simples que o repasse de seu funcionamento para fins de treinamento não ultrapassaria 15 minutos, conforme comenta Rodinei. Ele observa ainda que uma nova geração de espectrômetros já está por chegar no mercado. Nas dimensões de uma caixa de sapato, eles serviriam como laboratórios móveis, realizando testes em locais onde os próprios produtos analisados circulam. O custo do equipamento é outra vantagem: modelos como os da UFMG estão em torno de 150 mil dólares.

O trabalho já gerou dissertações sobre o fingerprinting do azeite e da cachaça caipira. O financiamento veio da Fapemig (R$ 500 mil), do CNPq e da Capes, com cessão de bolsas. Outros produtos analisados são o biodiesel, cachaça industrial e gasolina.

Artigo: Extra virgin (EV) and ordinary (ON) olive oils: distinction and detection of adulteration (EV with ON) as determined by direct infusion electrospray ionization mass spectrometry and chemometric approaches
Revista: Rapid Communications in Mass Spectrometry, em junho de 2010
Autores: Júnia de Oliveira Alves e Rodinei Augusti (UFMG); Waldomiro B. Neto, Hery Mitsutake e Paulo S. P. Alves (Universidade Federal de Uberlândia)

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