Universidade Federal de Minas Gerais

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Juarez Dayrell coordena o Observatório da Juventude, na FaE

Cidade se fecha para a juventude, analisa Juarez Dayrell

sexta-feira, 8 de abril de 2011, às 7h10

"A cidade está privatizada", afirma o professor Juarez Dayrell. Sociólogo com mestrado e doutorado em Educação, e pós-doutorado em Ciências Sociais, nesta entrevista ao Portal UFMG ele fala sobre o encontro A juventude Okupa a cidade? (leia mais) e afirma que os jovens usam a irreverência como forma de participação política.

Quais são as origens do Observatório da Juventude?
O Observatório da Juventude iniciou-se de certa forma em 2002, por causa da necessidade de um espaço que desse suporte e visibilidade às ações culturais desenvolvidas pelos jovens na periferia de BH. O primeiro projeto, de 2002, buscava a formação de agentes culturais juvenis, em cinco regiões periféricas, para que atuassem de forma mais autônoma na cena cultural. Esses trabalhos duraram aproximadamente dois anos. Daí surgiu o Observatório da Juventude, um programa de ensino, pesquisa e extensão com foco em jovens, educação e cultura. Atualmente desenvolvemos quatro projetos, em articulação com a Pró-reitoria de Extensão da UFMG. Entre eles o Jovens Oficineiros, que se baseia na formação de agentes juvenis para atuação nas escolas integradas, da rede municipal de ensino. E o portal Em Diálogo, voltado para jovens do ensino médio. Nossa metodologia de trabalho, baseada em nossa própria experiência, parte da realidade do jovem para estimular o seu desejo, investir e fazer com que o jovem invista em si mesmo.

O que motiva o debate desta sexta?
Essa é uma oportunidade de tornar público o acúmulo de conhecimentos sobre as temáticas da juventude. Em leitura da realidade de BH, constatamos uma série de movimentos juvenis nas mais diferentes áreas. Sentimos uma efervescência de jovens demandando uma ocupação da cidade. Em torno disso resolvemos agrupar aqueles que consideramos os principais movimentos, e convidamos o professor Paulo Carrano, da Universidade Federal Fluminense (UFF), para debater com eles. É uma tentativa de provocar uma sinergia entre os grupos e uma reflexão sobre os sentidos que têm tomado. Mais do que cada movimento pensar em si mesmo está na hora de pensar esse conjunto de movimentos na cidade, que vem se fechando em relação à juventude.

Quais movimentos comporão o debate, e como eles têm atuado na capital mineira?
São quatro grupos. O Praia da Estação surgiu no começo de 2010, motivado pela proibição de eventos públicos na Praça da Estação. Desde então, seus integrantes vêm debatendo o código de posturas da cidade. Outro movimento é o Brigadas Populares, que atua em diferentes frentes, mas sempre apoiando movimentos de contestação, como os Excluídos da Copa e o movimento sem-teto. Eles atuam na dimensão dos direitos. Por outro lado, o Família de Rua age em uma vertente mais cultural, promovendo encontros semanais, baseados na cultura hip-hop, no Viaduto Santa Tereza; lá acontece o Duelo de MCs. Mais recentemente, no final do ano passado, surgiu o movimento Nova Cena, composto majoritariamente por pessoas ligadas ao teatro. O Nova Cena pressiona a Secretaria de Cultura de Belo Horizonte a efetivar o Conselho Municipal de Cultura.

Como Belo Horizonte vem recebendo esses movimentos?
O prefeito tem se mostrado extremamente insensível em relação às demandas dos jovens. Politicamente ele poderia tirar dividendos disso, não iria gastar praticamente nada. Há um vídeo no Youtube, gravado no último carnaval, que registra manifestação de pessoas fantasiadas, inclusive crianças, em frente a um batalhão de polícia, no bairro Santa Efigênia. De repente chegam oito carros de polícia numa ostensividade impressionante. O jovem e suas manifestações públicas são vistos a princípio como algo violento, marginal e que deve ser reprimido. Qualquer movimento social avança no conflito. Isso faz parte. O que me chama atenção é a postura da Prefeitura de se fechar em si mesma sem nenhuma negociação, diferentemente dos governos anteriores. Há cerca de dois anos, ocorrem eventos de jovens ligados ao movimento hip-hop, no viaduto Santa Tereza, e os responsáveis cansaram de pedir banheiro químico, luz, segurança, mas não foram ouvidos. A cidade em que vivemos é privatizada para o trabalho. Parece que ela não pode existir para o uso comum. Há um medo do público.

Os jovens, de fato, ocupam a cidade?
Eu diria que a juventude tem desejo de ocupar a cidade, mas defronta com o poder público, que não investe o suficiente no processo de socialização. Em Belo Horizonte não temos praia, por isso, praças e shows seriam espaços privilegiados para o aprendizado de se conviver com a diferença. E isso se faz com a classe média convivendo com a periferia, para que deixe de haver preconceitos de ambos os lados. Esses movimentos nos mostram que o espaço urbano pode ser ocupado de outra forma. Para mim, eles são a ponta do iceberg, tornam visíveis questões que são muito mais amplas.

Como é essa ocupação da cidade pela juventude? Ela ocorre apenas pelas vias artísticas?
As expressões simbólicas são utilizadas como forma de participação. A minha geração se manifestava através de partidos e sindicatos. Os jovens de hoje estão mostrando que existem outras formas de participação. Os partidos e sindicatos não sabem dialogar com os jovens, só abrem espaços para o jovem que dança conforme sua música. Esse é o grande mal, os jovens não estão sendo escutados. A participação política deles é marcada, pois, pela irreverência. Mas não se pode negar uma conotação política muito forte, como no caso do duelo de MCs, que é um modo de a periferia ocupar o centro, ganhar visibilidade social.

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