Universidade Federal de Minas Gerais

Sara Grunbaum
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Samambaia seca: repatriamento

Herbário virtual trará ao Brasil amostras vegetais depositadas na Europa entre os séculos 18 e 20

segunda-feira, 11 de abril de 2011, às 7h30

Amostras da flora brasileira coletadas por missões estrangeiras entre os séculos 18 e 20 e depositadas em museus da Europa estão prestes a compor herbário virtual com sede no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Participam do projeto três grupos de pesquisa da UFMG, dois dos quais trabalham com samambaias e orquídeas, e outro que se dedica, desde 2004, à recuperação de dados e imagens de amostras das chamadas plantas úteis, coletadas pelos naturalistas que percorreram Minas Gerais nos séculos 18 e 19.

A iniciativa de repatriamento das informações e sua disponibilização on-line por meio do programa Plantas do Brasil: Resgate Histórico e Herbário Virtual para o Conhecimento e Conservação da Flora Brasileira (Reflora) partiu do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e reúne recursos de diversas agências de fomento do país. Um dos objetivos do projeto é possibilitar estudos de diversidade genética, biologia da conservação e resgate de germoplasma de espécies coletadas durante as expedições dos naturalistas, cujo material está depositado em herbários europeus e que hoje são raras e/ou ameaçadas de extinção na flora nacional.

Durante os próximos três anos, equipes de pesquisadores vinculados aos 24 projetos de todo o país aprovados pelo edital do CNPq recolherão dados e produzirão imagens em alta resolução das amostras de plantas brasileiras depositadas no Royal Botanic Gardens, de Kew (Inglaterra), e no Muséum National d’Histoire Naturelle de Paris (França). “Não se trata apenas de escanear a amostra da planta, mas também recuperar os dados a ela associados, como a descrição geográfica do local e data de coleta”, explica o professor Alexandre Salino, do Departamento de Botânica do ICB, que pesquisa samambaias. Assim, as imagens digitalizadas nesse trabalho vão fornecer, entre outros dados, informações representativas da distribuição geográfica dos vegetais que constam da Lista de Espécies da Flora do Brasil, lançada em 2010, e que estão depositadas nos dois herbários europeus.

De acordo com o edital que deu origem ao Reflora, os dados históricos de plantas brasileiras até meados do século 20 são fundamentais nos estudos taxonômicos e fornecem subsídios “a futuros avanços científicos e tecnológicos para a ciência botânica do Brasil”. Grande parte desses acervos contém o chamado material-tipo, exemplar utilizado para dar o nome e representar um vegetal. Esses dados vão permitir, por exemplo, que os pesquisadores visitem o local de coleta para observar a situação atual da flora.

“O que já sabemos é que houve intensa erosão genética, devido ao deslocamento e à dizimação dos povos nativos, ao impacto da atividade mineradora e posteriormente das práticas agropecuárias”, informa a professora Maria das Graças Lins Brandão, coordenadora do Banco de Dados e Amostras de Plantas Aromáticas, Medicinais e Tóxicas (Dataplamt) da UFMG. Seu papel no Reflora é resgatar informações colhidas em Minas Gerais e em Goiás por naturalistas ingleses e franceses. O próprio documento que dá base ao edital indica que muito do material botânico passível de repatriamento vem de “áreas que hoje estão degradadas ou urbanizadas, dificultando ou impossibilitando levantamentos atuais nos mesmos locais”.

Embora não se saiba o número exato de espécies que serão repatriadas, estima-se que o estudo contemplará, nos dois herbários, cerca de 600 mil exsicatas – amostras de plantas secas, fixadas em cartolina de tamanho padrão, acompanhadas de etiqueta com dados científicos e informações sobre a coleta. Segundo os idealizadores do Reflora, ao mesmo tempo em que trouxe “respostas a várias perguntas que persistiam há longo tempo”, a Lista de Espécies da Flora do Brasil também demonstrou falta de dados relevantes para a certificação de identidade taxonômica. Assim, as lacunas no conhecimento sobre os materiais-tipo e as localidades de origem das coleções feitas “impedem ou retardam o avanço científico da taxonomia de plantas brasileiras e por consequência de várias outras linhas de pesquisa que necessitam da confiabilidade do nome e da ocorrência correta de uma planta”, explica o documento.

Com os dados será possível, por exemplo, georreferenciar espécimes e levantar novas amostras ainda pouco representadas em herbários nacionais, subsidiar a revisão da lista de espécies brasileiras ameaçadas de extinção e selecionar outras para o desenvolvimento de estudos taxonômicos, morfogenéticos, populacionais e moleculares direcionados à conservação da flora brasileira.

Biodiversidade nativa
Segundo a professora Maria das Graças Lins Brandão, até o final do século 17, época em que as florestas cobriam quase a metade do território de Minas Gerais, centenas de plantas eram conhecidas e utilizadas com fins medicinais. “Os dados depositados nos herbários de Kew e de Paris são informações primárias. Com base neles, pretendemos agora ir a campo para tentar encontrar essas espécies novamente, ver a situação de cada uma e associar com os usos anotados na época”, explica a coordenadora do Dataplamt.
Enquanto a fitoterapia brasileira atual é baseada em plantas exóticas, os naturalistas preservaram informações da biodiversidade nativa, destaca a pesquisadora. No âmbito do Reflora, a equipe coordenada por ela vai estudar as amostras de Minas Gerais e de Goiás. O trabalho do Dataplamt conta com a participação de pesquisadores da Universidade de Brasília e da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e do Mucuri. “Divididos em três grupos vamos observar os acervos relativos ao Centro-Sul, Jequitinhonha e Noroeste de Minas Gerais, e o estado de Goiás”, relata.

Além de contribuir para a criação do herbário virtual com sede no Jardim Botânico, as atividades do grupo coordenado por Maria das Graças Lins Brandão vão enriquecer a coleção de drogas vegetais do Dataplamt, sediada no Museu de História Natural e Jardim Botânico da UFMG. “Temos a única coleção do tipo no país credenciada pelo Conselho de Patrimônio Genético do Ministério do Meio Ambiente”, ressalta a professora, ao lembrar que o trabalho é apoiado há anos pela Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig).

Leia aqui a reportagem completa

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