Universidade Federal de Minas Gerais

Há muito que descobrir sobre a dor lombar, afirma pesquisador brasileiro radicado na Austrália

sexta-feira, 6 de maio de 2011, às 7h04

A oferta de técnicas destinadas ao tratamento da dor lombar, ou lombalgia, é muito maior que o entendimento que se tem do problema. A afirmação é do professor Paulo Henrique Ferreira, da Universidade de Sydney, na Austrália, que participa nesta sexta-feira, 6 de maio, do Ciclo de Palestras sobre a Dor Lombar (leia mais), na Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Ex-professor da UFMG, Paulo Ferreira revela que o caminho tomado pelas pesquisas nos últimos tempos é o de ensaios clínicos que buscam comprovar a eficácia dos tratamentos disponíveis no mercado – exercícios diversos, massagens, acupuntura, reforço muscular e quiropraxia, entre tantas outras opções. “O benefício proporcionado por essas técnicas é no máximo moderado, não há tratamento que realmente cure a dor lombar”, afirma o professor da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade de Sydney. Ele acrescenta que o esforço em torno do tema é liderado por instituições da Austrália, Inglaterra, Dinamarca e Holanda, seguidos de perto por países como Canadá e Brasil.

As pesquisas seguem basicamente três linhas, de acordo com o pesquisador, todas elas representando “passos atrás” com a finalidade de conhecer melhor o problema. Diversos estudos procuram determinar a influência do estilo de vida, ou seja, até que ponto fatores como fumo, ingestão de bebida alcoólica e atividades físicas, moderadas ou extremas, levariam à lombalgia. Outras pesquisas partem do pressuposto de que as escalas de mensuração relacionadas à doença estão mal dimensionadas e trabalham sobre o aperfeiçoamento de questionários aplicados aos pacientes. Esse é um tema dos estudos da professora Manuela Loureiro Ferreira, esposa de Paulo Ferreira, vinculada ao Instituto George da Universidade de Sydney.

A terceira linha de investigação, um dos focos de interesse de Paulo Henrique Ferreira, trata da relação terapeuta-paciente. ”Estamos convictos de que os tratamentos disponíveis têm efeitos similares. Então, é preciso investir na forma de o clínico abordar o paciente. E já se pode dizer, de acordo com dados preliminares de nossos estudos, que a qualidade da interação de profissional e paciente afeta significativamente os resultados do tratamento da dor lombar, algo em torno de 40% da influência positiva”, afirma o pesquisador, que tem Ph.D nessa área pela universidade australiana.

Decisões conjuntas
Os estudos já demonstram a importância de que o paciente tome parte do processo de decisão sobre o tratamento. “Uma pessoa com lombalgia crônica deve ser informada pelo terapeuta sobre os riscos e benefícios de medicamentos, exercícios e programas de caminhada. Essa postura do clínico, combinada a atitudes como atender com calma e olhar no olho do paciente, tem efeito extremamente positivo”, ressalta Paulo Ferreira.

Ele recomenda também que, sobretudo diante de pessoas que tendem a transformar sua dor em problema ainda maior, o terapeuta desvie o foco da dor e dos resultados de exames, como os de raios X e ressonância magnética. Segundo Ferreira, determinadas situações detectadas nesse tipo de imagem nem sempre estão associadas à dor crônica, por exemplo. Alguns pacientes “tendem a fazer uso irracional do diagnóstico, e o medo só pode piorar o prognóstico”. Ele conta que nos Estados Unidos tem se reduzido a prescrição de exames por imagem, a partir da crença de que esses procedimentos “não são necessários para todos os pacientes. Além disso, cronificam a dor e aumentam custos”.

Ele chama a atenção para um dos mitos relacionados às dores nas costas. Episódios agudos, que causam muito medo, na verdade terminam bem em 85% dos casos, depois de cerca de quatro semanas, lançando-se mão de repouso não muito prolongado. Mais problemáticas são as situações de dor crônica que não apresentam melhora depois de três meses. “Normalmente acometem pessoas insatisfeitas no trabalho, que têm pouco entendimento de seu mal e que tendem a aumentar as proporções do problema”, explica Ferreira.

Genética e esforço extremo
Outros dados que já podem ser extraídos das pesquisas, embora ainda não conclusivos, dão conta de que a herança genética exerce influência da ordem de 45% – índice considerado alto, segundo Ferreira. E confirmam suspeita natural que não havia sido devidamente posta em teste: a prática de atividades extremas, como erguer cargas pesadas, sem condicionamento físico específico, está fortemente associada com o desenvolvimento da dor.

Para prevenir a lombalgia, de acordo com Paulo Henrique Ferreira, a única medida que parece funcionar é a atividade física moderada, como 30 minutos de caminhada por dia. Quanto aos tratamentos, ele explica que os medicamentos têm eficácia razoável para a dor aguda, mas não há evidências de que aliviem a dor crônica. Os exercícios funcionam melhor nos casos crônicos, e as técnicas de terapia manual têm mais efeito para pacientes que sofrem de dor lombar aguda.

“Aprimorar as técnicas é o grande desafio, mas antes precisamos entender efetivamente a dor lombar”, sentencia Paulo Henrique Ferreira, que anuncia a realização de pesquisas em conjunto com a UFMG, envolvendo as características do mal em pessoas idosas e os mecanismos de desencadeamento da dor lombar.

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