A Escola de Veterinária da UFMG iniciou projeto de pesquisa com gado nelore denominado A seleção como ferramenta para melhorar a segurança alimentar na cadeia produtiva da carne bovina do Brasil. Os estudos ocorrem no laboratório de análise de doenças parasitárias da Escola e em fazendas comercias de Uberaba e Patos de Minas. "A pesquisa tem uma parte de campo que vai ser realizada fora, em fazendas de Uberaba e Patos de Minas, que já estão definidas, e talvez em alguma outra em Belo Horizonte que ainda não foi escolhida. A parte de laboratório, os exames de contagem de ovos por grama de fezes (OPG) e o processamento de dados, será realizada dentro da UFMG", explica o professor Fábio Toral, do departamento de Zootecnia da Escola coordenador do projeto. O orçamento total ficou em torno de R$41 mil reais, sendo R$38 mil do CNPq e os outros R$3 mil da UFMG. "A maior parte da verba do projeto foi do edital universal do CNPq de 2010, mas a pró-reitoria de pesquisa da Universidade, por meio do programa de auxilio ao doutor recém-contratado, também está financiando uma parte do projeto", diz Fábio. “Além disso, as infecções gastrointestinais causam grandes perdas econômicas na bovinocultura de corte, em função da redução do desempenho do animal e do aumento dos custos de produção. O controle dessas infecções é feito com drogas, mas a redução da utilização de produtos químicos na produção de carne bovina é uma necessidade. Trabalhar, então, com a seleção de animais geneticamente superiores pode ser uma estratégia, mas para tanto é necessário o conhecimento dos parâmetros genéticos. Sendo assim, o projeto vai auxiliar na produção de conhecimento e divulgação de informações genética da raça nelore”, complementa Fábio. (Assessoria de Comunicação da Escola de Veterniária)
O projeto será realizado com o objetivo de estimar, verificar e quantificar, a variável genética para características de resistência a verminoses e o desempenho do gado nelore, identificando, assim, os animais geneticamente superiores para formação de linhagens mais resistentes às infecções.
A raça nelore foi escolhida devido a sua importância no sistema de produção de carne bovina no Brasil, além de ser, numericamente, a raça mais representativa. Outra vantagem é o fato de a raça não apresentar histórico de baixa resistência à verminose. Ao contrário, o gado nelore (o zebuíno, de modo geral) é considerado bastante resistente, porém, essa resistência não possui registros. "O trabalho foi, então, pensado justamente para quantificar a variabilidade que de fato possa existir”, explica o professor.
Expectativas
A expectativa dos pesquisadores é concluir avaliação genética dos animais que participarem do projeto e, a partir dos dados encontrados, identificar os animais mais resistentes para então usá-los como reprodutores, de forma a dar origem a crias que também sejam resistentes à verminose. "Esses resultados poderão ser aplicados diretamente no campo, principalmente pelos produtores que estão participando do projeto. Eles irão conhecer o potencial genético dos animais e dessa forma poderão escolher os mais resistentes para serem usados como reprodutores", afirma o professor.
A prospeccão vai abranger maioria dos principais vermes gastrointestinais. Serão feitos exames para verificar quais os principais gêneros presentes nos animais. "Mas nessa etapa não vamos conseguir identificar se algum animal é mais resistente a determinado gênero de verme ou não, será algo mais geral, uma análise do conjunto dos principais vermes", explica o pesquisador.
O projeto inclui, além dos parasitas internos, um estudo sobre a resistência a carrapatos. Foi observada diferença entre o número de carrapatos que cada animal, de um mesmo lote, possuía, “Começamos, então, a contar os carrapatos para tentar verificar se existe alguma linhagem que é mais resistente a eles. Assim, o projeto pesquisa a variabilidade de resistência tanto para verminoses como para carrapatos", diz Fábio.
O projeto conta também com a participação de alunos de graduação e pós-graduação.