Sara Grunbaum |
Performances de Marcelo Dolabela e Ricardo Aleixo, a volta do poeta Chacal e uma oficina de poesia marginal marcam o encerramento da programação do ciclo do programa Sentimentos do Mundo na próxima quarta-feira, 22 de junho, às 10h30, no auditório da Reitoria da UFMG, campus Pampulha. Com o tema poesia marginal e movimento estudantil, o carioca Chacal apresentou um recital no dia 7 de junho e volta à UFMG para prestigiar os colegas. “Gosto muito de Belo Horizonte, sou sempre muito bem recebido na cidade. Também gostei muito do Sentimentos do Mundo e quero estar presente para assistir à apresentação do Marcelo e do Ricardo”, conta. “Se for do desejo dos organizadores do evento e do público, também vou fazer uma nova apresentação”, completa Chacal. A oficina de poesia marginal acontecerá antes e depois das performances, no hall da Reitoria, e dará aos participantes a oportunidade de reviver como foi a poesia marginal. Os organizadores levarão poesias dos três poetas e instalarão uma máquina de fotocópias para que os participantes possam selecionar suas poesias. “A ideia é que eles montem seus próprios livrinhos, façam suas antologias, para dar um gostinho de como era na década de 70”, salienta Ana Caetano, curadora do Sentimentos do Mundo. Exposição A propósito do livro, o Projeto República está colhendo informações e doações relacionadas aos movimentos estudantil e poético das décadas de 1970 e 80 na UFMG. A escolha do tema da segunda edição de 2011 do Ciclo de Conferências Sentimentos do Mundo se deve ao resgate que vem ocorrendo nos últimos anos sobre a ditadura militar e suas sequelas. A curadora do Sentimentos do Mundo, Ana Caetano, destaca que os elos entre a poesia marginal e as manifestações estudantis são históricos e permitem uma investigação iluminadora do papel da cultura e mais especificamente da voz dos poetas e estudantes nos grandes movimentos de contestação da juventude em um tempo em que ser criativo e de esquerda era também ser marginal. “Chacal, Marcelo Dolabela e Ricardo Aleixo participaram desse período com produções independentes e muito particulares. Nem sempre ligados diretamente ao movimento estudantil, mas certamente compartilhando espaços, reivindicações e o espírito da época, os três construíram uma obra hoje reconhecida nacional e internacionalmente”, salienta. Desde 2007, a Universidade realiza conferências e performances de intelectuais e artistas brasileiros e estrangeiros, de várias áreas do conhecimento. O Sentimentos do Mundo já recebeu, entre outros, os cantores Maria Bethânia, Arnaldo Antunes, o escritor moçambicano Mia Couto e os cineastas David Lynch e Manoel de Oliveira. Também já se apresentaram grupos Corpo, Giramundo, Galpão, Uakti e a Orquestra Filarmônica de Minas Gerais. Outras informações estão disponíveis no site www.ufmg.br/sentimentosdomundo. Os poetas Como músico integrou bandas como a Sexo Explícito, que teve entre seus integrantes John Ulhoa, atual integrante do Pato Fu. Tem mais de 30 livros de poesia publicados e autointitula-se "dadamídia", devido à característica de seus espetáculos, e lidera o grupo poético-musical Caveira, My Friend. É autor do ABZ do rock brasileiro, a principal referência enciclopédica para o rock brasileiro até a década de 2000, quando a internet se popularizou, e citado em trabalhos acadêmicos. O livro tem vários prefácios, escritos por Arnaldo Antunes, Zé Rodrix e Tony Campello. Nascido em 1960, o belo-horizontino Ricardo Aleixo é poeta, músico, produtor cultural e artista plástico, e lançou seis livros de poesia: Festim (1992), A roda do mundo (1996, em parceria com Edimilson de Almeida Pereira), Quem faz o quê? (1999), Trívio (2002), Máquina zero (2004) e Modelos vivos (2010). Ricardo é também professor de Design Sonoro na universidade Fumec. Como solista ou integrante da Cia. SeráQuê? e do Combo de Artes Afins Bananeira-ciência, já se apresentou na Argentina, na Alemanha, em Portugal, na França e nos EUA. Desde julho de 2007 concentra suas atividades de criação e pesquisa no Lira (Laboratório Interartes Ricardo Aleixo/Liga de Invenção da Resistência Ativa), onde também oferece oficinas, cursos e aulas particulares nas áreas em que atua. Já organizou exposições e espetáculos como compositor e performer pela Cia. SeráQuê? Serviço Dia 22/6, 17h – saguão da Reitoria da UFMG (não abre no sábado e domingo) (Assessoria de Imprensa da UFMG)
Também no dia 22 será encerrada a exposição de imagens e poemas Marginália e Experimentação: Poesia e Movimento Estudantil, que pode ser vista de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, no saguão da Reitoria. Realizada em parceria com o Projeto República da UFMG, a exposição é o embrião de um livro que será lançado em 2012 sobre o movimento estudantil na UFMG entre 1974 e 1984 e a produção poética do período. A mostra tenta resgatar os múltiplos vínculos entre ambas as formas de experimentação e de resistência política e cultural, com a exposição de material gráfico como cartas, programas das diversas chapas de DCEs e DAs, livros, jornais e revistas produzidos no período pelos militantes do movimento estudantil e pelos poetas.
Marcelo Dolabela é escritor, roteirista e músico, e tem pós-graduação em literatura brasileira pela UFMG com trabalho sobre Dolores Duran. É mestre em comunicação pela Universidade São Marcos. Já teve trabalhos de arte postal expostos em salões nacionais e internacionais. Produziu o texto do premiado curta-metragem Uakti – Oficina instrumental, de Rafael Conde. Também atuou como roteirista dos filmes Arnaldo Batista maldito popular brasileiro e Adeus, América, ambos de Patrícia Moran.
Ciclo de Conferências Sentimentos do Mundo
Dia 22/6, 10h30 – auditório da Reitoria da UFMG
Performances poéticas – Marcelo Dolabela e Ricardo Aleixo, com participação de Chacal, e oficina de poesia marginal antes e depois das performances
Encerramento da exposição Marginália & Experimentação: Poesia e Movimento Estudantil