Estão abertas as inscrições (de trabalhos e participação) para o I Simpósio Internacional Literatura, Cultura e Sociedade, que a Universidade Federal de Viçosa vai sediar entre 8 e 10 de novembro. Com participação da professora Lyslei Nascimento, da Faculdade de Letras da UFMG, o evento pretende problematizar as fronteiras, diálogos e tensões entre os textos literários e culturais. Nesse processo, segundo os organizadores, concebe-se a literatura como discurso que se articula com outros saberes., o que gera possibilidades fecundas de abordagem do literário a partir da interlocução com outras formas de conhecimento (artes, antropologia, psicanálise, ensino, teatro, religião, história, política, economia, sociologia, direito). O simpósio vai contar com conferências de pesqusiadores da Universidade de Coimbra, em Portugal, e instituições brasileiras como a Unicamp, UFRJ, Uerj, PUC Minas, Ufop e UFF. Os temas para apresentação de trabalhos (resumos devem ser enviados até 18 de setembro)são literatura e outros campos de conhecimento; estudos de literatura comparada e de crítica da cultura; literatura e estudos de gênero; leitura e ensino de literatura; literatura, memória e História; o imaginário mítico; o pós-colonialismo na literatura; margens e fronteiras do literário. Imagens violentas Segundo Lyslei, que coordena Núcleo de Estudos Judaicos da UFMG, ao desdobrar os crimes contra os judeus no gueto com os crimes contra as crianças, “Zimler parece potencializar o mal que ali se propaga de forma nefasta e arbitrária. O narrador, embora imerso nesse mundo miniaturizado pela violência, com ela não compactua. Há, no entanto, um limite tênue entre a representação da violência, a descrição, sobretudo do mal que se abate sobre os corpos, e a sua ostentação”. Ela explica que a manipulação de imagens e palavras define o olhar do narrador, do fotógrafo e do leitor/espectador. Esse limite deve estar circunscrito a uma contingência: a violência transforma em coisa toda pessoa sujeita a ela, por isso, em Borges, nos exemplos de Calvino e em Zimler, a dura realidade tornada em pedra é circunscrita por um olhar empático e que provoca empatia. “A descrição da violência, a descrição de uma cena em que a violência deixe sua marca indelével não é na sua exibição total, no terror ou na perturbação que provoca, mas quando faz o leitor pensar, se identificar”, completa Lyslei Nascimento. Informações e inscrições no site do evento e pelo telefone (31) 3899-1583.
Lyslei Nascimento prepara conferência sobre o uso de imagens violentas na literatura, de Borges a Calvino, com concentração no romance Anagramas de Varsóvia, de Richard Zimler. Na obra, uma série de assassinatos brutais de crianças, durante a segregação dos judeus em guetos na Segunda Guerra, coloca o leitor diante de um mundo sem afeto e nem compaixão, de que fala Borges no conto “Deutches Requien”, bem como na realidade transformada em pedra, como a dos sepulcros no texto de Boccaccio, citados por Calvino em Seis propostas para o próximo milênio.