Universidade Federal de Minas Gerais

Falta de autonomia e pressão das chefias são causas de depressão e estresse no setor bancário, confirma estudo da UFMG

quinta-feira, 25 de agosto de 2011, às 9h19

Cansaço, nervosismo e insatisfação no trabalho podem ser sintomas do que os especialistas chamam de Distúrbios Psiquiátricos Menores, as DPM, como ansiedade, depressão ou estresse.

Uma pesquisa desenvolvida na Faculdade de Medicina da UFMG constatou que entre os trabalhadores do setor de serviços o problema é maior do que se podia prever.

Foram analisados cerca de 2,5 mil trabalhadores de um banco brasileiro de grande porte, sorteados aleatoriamente em todas as capitais brasileiras. Dentre os participantes, 43% apresentaram algum tipo de DPM, associadas principalmente às más condições de trabalho.

O levantamento foi feito por meio de questionários autoavaliativos. Para analisar a autopercepção dos trabalhadores foi perguntado: “em geral, você diria que a sua saúde é”, com cinco opções de resposta, variando de excelente a muito ruim.

Dez por cento dos entrevistados avaliaram sua saúde como “ruim” ou “muito ruim”. “Essa percepção é confirmada nos demais resultados da pesquisa”, destaca o autor e médico Luiz Sérgio Silva.

As causas dos distúrbios são variadas, mas as mais comuns são falta de controle sobre as próprias funções, pressão da chefia, imposição de decisões de forma vertical e falta de apoio dos colegas.

Dentre trabalhadores expostos a altas demandas psicológicas e com baixo controle sobre o trabalho, a prevalência de DPM foi três vezes maior. O mesmo ocorreu com aqueles que trabalham sob condições de muito esforço e baixa recompensa.

“Estamos falando de pessoas jovens, ativas e que vivem no meio urbano. Mesmo assim, sua autoavaliação das condições de saúde foi muito ruim”, analisa a epidemiologista Sandhi Maria Barreto, orientadora do estudo e professora do Departamento de Medicina Preventiva e Social da Faculdade de Medicina da UFMG.

“A autoavaliação da saúde é uma das formas mais eficientes de prever futuras internações e problemas mais sérios”, analisa a orientadora. “Há possibilidade de que esses dados sejam ainda mais alarmantes, porque esses distúrbios podem se intensificar e agravar”, pondera.

Falta reconhecimento
“O trabalhador ainda sofre com as consequências do movimento de automação das empresas”, pondera Luiz Sérgio, para quem o aumento da velocidade do processo produtivo a partir das novas tecnologias também levou o trabalhador a desempenhar várias funções simultâneas e concentradas em poucos indivíduos.

O reconhecimento da qualidade do trabalho, a gestão horizontalizada e o rodízio de funções são algumas das medidas sugeridas pela médica como formas de melhorar o ambiente de trabalho e a qualidade de vida dos trabalhadores. “Essas recomendações podem ser extrapoladas para todas as empresas do setor de serviços”.

Mais do que um problema de trabalho, os altos índices de Distúrbios Psiquiátricos Menores são uma questão de saúde pública. “E não há outra forma de diminuir os altos índices de incidência de distúrbios, senão revendo as condições de trabalho dentro das empresas”, garante a professora, que recomenda que empresas da área adotem formas de gestão mais humanizadas.

As DPM pioram a qualidade de vida dessas pessoas, diminuem sua produtividade e podem levá-las ao afastamento temporário. Por isso, a longo prazo também constituem um problema econômico.

Mais sobre a pesquisa
A coleta de dados, feita em âmbito nacional, foi dimensionada estatisticamente para representar o total de trabalhadores da organização, estimados em cerca de 80 mil funcionários, em todo o Brasil. Mas estes dados também podem ser extrapolados para representar a realidade dos mais de 600 mil trabalhadores de instituições financeiras do país. As informações foram obtidas de modo que aspectos circunstanciais não influenciassem o resultado, como, por exemplo, o perfil funcional do trabalhador ou seu humor no momento da pesquisa. Para medir os distúrbios psiquiátricos menores foi usado o questionário General Health Questionnaire (GHQ) com 12 itens. O ambiente psicossocial do trabalho foi investigado com a ajuda de escalas técnicas especializadas, como o Job Content Questionnaire e a Escala de Desequilíbrio Esforço-Recompensa. A qualidade de vida foi avaliada por meio do Medical Outcomes Study Short-Form General Health Survey (SF-12).

SERVIÇO
Programa: Saúde Pública
Título: Condições psicossociais adversas no trabalho, transtorno mental, qualidade de vida e autoavaliação de saúde entre trabalhadores de uma instituição financeira.
Nível: Doutorado
Autor: Luiz Sérgio Silva
Banca Examinadora:
Profa. Sandhi Maria Barreto / Orientadora – UFMG
Profa. Ada Ávila Assunção
Prof. Heleno Rodrigues Correia Filho
Profa. Maria Carmen Martinez
Profa. Luana Giatti Gonçalves
Defesa: Dezembro de 2010

Leia artigo deste estudo em: Revista BMC Public Health (em inglês)

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