Universidade Federal de Minas Gerais

Rosa Alves
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Byrsonima sp., espécie do cerrado: a esquerda, aquarela e, a direita exsicata correspondente

Ilustradora da UFMG reconstitui, em Lisboa, plantas coletadas na Amazônia e no Mato Grosso no século 18

terça-feira, 6 de setembro de 2011, às 7h20

Em 1783, uma expedição portuguesa começou a desbravar parte expressiva da Amazônia e do Mato Grosso. E de quebra levou para terras lusitanas exemplares de animais, minerais, fósseis e, principalmente, de plantas, sob a forma de exsicatas – plantas secas e prensadas para conservação em herbário – e ilustrações.

A saga portuguesa, que durou nove anos – foi até 1792 – chegou ao conhecimento da ilustradora científica Rosa Alves Pereira dois séculos depois, mais precisamente em 2008, no Rio de Janeiro. Em seguida, ela descobriu que o Herbário Lisu, em Lisboa, ainda conservava coleções das espécies recolhidas pelos desbravadores portugueses. Foi aí que decidiu empreender uma viagem em sentido inverso para registrar em desenhos os vestígios da aventura do século 18. O resultado está em dissertação defendida recentemente junto ao mestrado em Ilustração Científica da Universidade de Évora em parceria com o Instituto Superior de Educação e Ciências de Lisboa.

Além de retratar as plantas secas prensadas no herbário português, Rosa Alves inovou ao reproduzir a estrutura das plantas em maquetes tridimensionais, o que ajuda a visualizar melhor o seu aspecto de quando eram vivas. “Construí os modelos em arame, respeitando as dimensões e proporções”, informa Rosa, que também desenvolveu técnica própria de reconstituição em botânica a partir da observação de exsicatas no Herbário.

“A construção de maquetes é apenas um passo nesse processo. Ele abrange a identificação de cicatrizes, torções no caule, reconstituições de folhas, de toda a estrutura da planta, até mesmo das flores”, detalha. É um trabalho que, segundo ela, vai muito além da mera reprodução, pois refaz desenhos e confere todas as medidas em minúcias. “Em outras áreas da ilustração científica, como a paleontologia, esse tipo de reconstituição é mais comum”, informa Rosa Alves. Ela trabalhou no Herbário Lisu de setembro de 2009 até o fim de 2010, período em que confeccionou 15 aquarelas botânicas de espécies da Amazônia e do Cerrado brasileiro.

A ilustradora acredita que a técnica pode facilitar a vida dos botânicos contemporâneos. “A partir dos desenhos, é possível comparar as espécies do passado com as de hoje. Talvez essas espécies ilustradas sejam novas para a ciência e possam, enfim, ser classificadas”, presume.

Lotada na Pró-reitoria de Extensão, Rosa Alves já treinou mais de 200 pessoas por meio de cursos de ilustração científica da UFMG. Ela agora quer publicar a dissertação e planeja organizar exposições e um curso mais avançado de formação de ilustradores.

Com as bênçãos de Pombal
A expedição que recolheu as espécies levadas ao acervo do Herbário Lisu, em Lisboa, foi sugerida pelo Marquês de Pombal, uma das figuras mais poderosas de Portugal no século 18. Liderada pelo naturalista baiano Alexandre Rodrigues Ferreira, formado em Coimbra e responsável pela elaboração de relatórios para a Coroa Portuguesa, contava com os ilustradores José Joaquim Freire e Joaquim José Codina, com o botânico Agostinho Joaquim do Cabo e índios remadores.

Ao longo do percurso, que incluiu toda a extensão do Rio Amazonas, o Rio Madeira e a região do Pantanal Mato-grossense, os ilustradores elaboraram mapas, desenhos de paisagens, de etnografia, de zoologia, de botânica e recebiam as plantas, ainda verdes, que eram retratadas em aquarela. Ilustrações e exsicatas foram enviadas a Lisboa.

Depois que as tropas de Napoleão Bonaparte invadiram Portugal, no início do século 19, boa parte dos materiais coletados acabaram no Museu de História Natural de Paris. “Foram transferidos, entre outros, 1.583 exemplares de animais, 59 minerais, 10 fósseis e um herbário montado pelo naturalista Alexandre Rodrigues Ferreira, com 1.114 plantas”, detalha Rosa Alves. No entanto, 1.213 exsicatas permaneceram em Lisboa, pois não estavam completamente estudadas.

Ainda de acordo com a ilustradora, parte do material coletado ficou em Coimbra, principalmente o etnográfico, enquanto outra leva de ilustrações de animais e de paisagens e alguns mapas estão no Museu Bocage, da Universidade de Lisboa. Na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, estão reunidas várias anotações de Alexandre Ferreira e os originais das aquarelas botânicas dos ilustradores Freire e Codina.

Dissertação: Ilustração botânica de um Brasil desconhecido
Autora: Rosa Maria Alves Pereira
Defesa: em 2 junho de 2011 junto ao mestrado em Ilustração Científica da Universidade de Évora, em parceria com o Instituto Superior de Educação e Ciências de Lisboa
Orientadores: professores Pedro Salgado (Isec)
e Ana Isabel Correia (Universidade de Lisboa)

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