Os poláritons, Guimarães explica, permitem o estudo de fenômenos físicos fundamentais com muito mais facilidade em relação a outras quase-partículas ou partículas. Isso porque eles exibem comportamento quântico a temperaturas próximas à ambiente, eliminando a necessidade de criar ambientes ultrafrios. Átomos de hélio, por exemplo, precisam ser trabalhados a 2 kelvin, aproximadamente 271 graus Celsius negativos. O grupo conseguiu controlar essas quase-partículas usando luz para criar um potencial elétrico na amostra. “Com a luz conseguimos controlar o fluxo de poláritons, liberá-los ou prendê-los”, explica Guimarães. Durante sua estadia na Itália, além de colaborar para esse trabalho, o físico da UFMG também participou de um pedido de verba para um projeto que tinha como objetivo fazer circuitos polaritônicos, que o grupo de Sanvitto defende ser possível em entre 3 e 5 anos. O projeto não foi aprovado, e Guimarães acha melhor assim: “Sendo otimista, acho que esses circuitos podem ser feitos em 10 anos”. Muita pesquisa fundamental ainda precisa ser feita para que se passe à prática. Num futuro ainda mais distante, os circuitos polaritônicos poderão ser integrados para viabilizar a computação quântica. Para isso, o brasileiro ainda não arrisca uma estimativa de prazo. (Revista Pesquisa Fapesp)
Um grupo de pesquisadores acaba de dar mais um passo em direção ao computador quântico: controlar um gás de poláritons, que são fótons ligados com estados eletrônicos de energia alta chamados de éxcitons. “Substituir elétrons por poláritons pode abrir o caminho para usar efeitos quânticos em dispositivos”, explica o físico Paulo Sérgio Soares Guimarães (foto), professor da UFMG. Ele faz parte do estudo liderado por Daniele Sanvitto, do Instituto Nanociência, na Itália, e publicado no domingo (11/09) na edição online da Nature Photonics.