Os museus precisam ser geridos hoje na perspectiva de que a educação científica deve ter uma dimensão ecocidadã, respeitando o contexto internacional de promoção do desenvolvimento sustentável. E, se os esforços educativos devem considerar as questões socioecológicas, isso exige incorporação pelos currículos de ciências de elementos de conscientização ambiental. Posições nessa linha serão defendidas nesta terça-feira, 4, durante o II Seminário Internacional de Ciência e Museologia: universo imaginário, pelo professor Yves Girault, do Museu de História Natural da França. O evento se estende até o dia 6, na Escola de Ciência da Informação, no campus Pampulha. De acordo com Girault, o crescimento dos museus dedicados a temas sociais têm levado os museus de ciências e técnicas a abordar em suas exposições temporárias questões científicas “socialmente vivas”. Por vezes, ele salienta, as instituições têm assumido o papel de interface entre o meio científico e a sociedade. Segundo textos publicados por Yves Girault, o interesse de suas pesquisas é pela “evolução dos discursos científicos no que concerne às relações entre homens, natureza e sociedades no campo específico do museu”. Isso inclui análise dos aspectos sociopolíticos, representações identitárias e modos de representação museográfica. Segundo o pesquisador, a finalidade dessa análise do discurso científico é “compreender o papel da exposição, como mídia, no âmbito das relações entre ciências, culturas e sociedades”. Patrimônios locais De acordo com o portal do Paloc, muitos dos grandes conjuntos de questões sobre as quais se debruçam os pesquisadores da equipe “surgem das novas articulações entre saberes locais, formas de gestão da diversidade biológica e instrumentos de valorização”. O objetivo é entender os fundamentos e especificidades das relações entre sistemas de gestão da biodiversidade e a diversidade cultural. Em entrevista ao Portal UFMG, Yves Girault, que é doutor em didática da biologia e da educação ambiental, afirma que pretende aproveitar os encontros no Brasil para compartilhar o interesse pela forma como se representa nas estruturas de museus o patrimônio natural e cultural. “Damos atenção especial às escolhas das comunidades quanto às formas de mostrar suas culturas, suas histórias e seu modo de vida, sobretudo do ponto de vista da valorização turística”, afirma o pesquisador. “Pessoalmente, me interesso mais especificamente – e este será ponto importante de minha apresentação na UFMG – pelas operações museológicas que representam tanto o tratamento institucional quanto as instrumentalizações comerciais e políticas do patrimônio”, completa Girault.
Yves Girault coordena o centro de pesquisa Patrimônios Locais (Paloc), que investiga processos de construção e valorização dos patrimônios naturais e culturais em países do Sul. Sob perspectiva comparativa e interdisciplinar, o grupo concentra sua atenção nas estratégias locais diante dos temas relacionados à conservação da biodiversidade e do desenvolvimento sustentável.