Universidade Federal de Minas Gerais

Sara Grunbaum
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Álvaro Eiras e Brett Ellis: histórico similares no Brasil e em Cingapura

Tecnologia reduz em 50% a incidência de dengue e em dez vezes os gastos com a doença

quarta-feira, 5 de outubro de 2011, às 7h10

Os 20 municípios mineiros onde a tecnologia MI-Dengue – desenvolvida e patenteada pela UFMG – foi implantada em março de 2009 apresentaram número de casos da doença cerca de 50% menor do que o registrado em cidades que não adotaram o sistema.

Em 2010, quando o estado sofreu a mais grave epidemia da doença, com 250 mil casos notificados, 30% dos municípios que aderiram à tecnologia conseguiram reduzir os casos de dengue, enquanto apenas 5,5% dos demais atingiram o mesmo resultado. Se as cidades que utilizam o MI-Dengue tivessem seguido a tendência do restante do estado, haveria 86% a mais de casos registrados no período, segundo projeção feita pelo professor Álvaro Eiras, chefe do Laboratório de Ecologia Química de Insetos Vetores do Departamento de Parasitologia (ICB), e responsável pelo desenvolvimento do sistema. Apesar da maior incidência da doença em função da epidemia, esses municípios não sofreram aumento no número de óbitos em relação a 2009. Já em 2011, nenhuma morte foi registrada.

Além de reduzir a incidência da doença, a tecnologia permite a diminuição de despesas médicas, ambulatoriais e de internação hospitalar. Seu custo de implantação é de cerca de R$ 1,30 por habitante a cada ano, valor compensado com sobras pela economia proporcionada. “Para cada real investido em prevenção com a tecnologia, foram economizados R$ 11, levando-se em conta o custo direto com a assistência médica e internações e a perda de produção bruta que cada caso de dengue provoca, calculada pelo tempo em que um enfermo deixa de trabalhar”, estima Eiras. Segundo ele, essa economia pode ultrapassar R$ 30 milhões nos 20 municípios analisados.

O MI-Dengue é uma alternativa mais barata em relação ao modelo de controle de larvas adotado atualmente em muitas cidades brasileiras, em que agentes de saúde visitam cada residência em busca de possíveis criadouros do inseto. Trabalhoso e demorado, exige que a larva seja levada a laboratório para a identificação da espécie. “Com a tecnologia desenvolvida na UFMG, o mosquito é identificado em campo”, contrapõe Eiras. Assim, em vez de visitar milhares de casas para procurar as larvas, basta checar as armadilhas semanalmente, verificando a presença de mosquitos adultos.

Desde 2005, o dispositivo foi implantado em mais de 50 cidades brasileiras – além de Austrália e Cingapura –, alcançando um perímetro onde vivem quase três milhões de pessoas. Dois terços encontram-se em Minas Gerais.

O sistema gera dados de localização do mosquito, informando quais áreas devem ser priorizadas no controle. O processo se inicia com a instalação de armadilhas georreferenciadas via GPS nas áreas a serem monitoradas. Conhecidas como MosquiTRAP, essas “arapucas de mosquito” capturam as fêmeas adultas do inseto, impedindo que depositem seus ovos. A vistoria é feita por agentes de campo munidos de celulares, responsáveis por transmitir as informações para uma central de processamento, que gera tabelas, mapas de infestação e índices entomológicos. Os cálculos produzem informações precisas a respeito da presença do Aedes aegyti em cada região.

Em Cingapura
No ano passado, o sistema foi implantado em um distrito de Cingapura, onde está em fase experimental. Para o responsável pelo projeto naquele país, Brett Ellis, pesquisador da Duke-UNS Graduate Medical School, a grande vantagem do emprego da tecnologia na comparação com o monitoramento feito por agentes epidemiológicos está na necessidade de um número bem menor de profissionais dedicados a essa atividade, liberando os demais para atuar diretamente no controle.

Segundo o pesquisador, quanto mais sucesso se alcança no combate ao Aedes por meio dos agentes, mais trabalho terá que ser feito. “Se o número de larvas do mosquito for reduzido em 50% das casas, não é difícil encontrá-las”, avalia o pesquisador. “Mas se as larvas se restringirem a 1% das residências, os agentes terão que vasculhar 100 casas para encontrar uma única que tenha o inseto”, acrescenta Brett Ellis. O MosquiTRAP não apresenta esse inconveniente, pois encontra-se espalhado no ambiente e a checagem é rotineira.

Brasil e Cingapura têm históricos similares de incidência de dengue. Após um longo período de tempo, a doença foi praticamente eliminada nos dois países, até voltar nos anos 80, caracterizando-se como epidemia. “A diferença era que lá tínhamos um número muito menor de mosquitos em relação ao Brasil”, pondera Brett. “E mesmo com apenas 1% a 2% de residências com o inseto, a epidemia aconteceu”, complementa. Tanto a emergência quanto o tamanho da epidemia foram similares no Brasil e em Cingapura.

O que Brett e seu grupo de pesquisa tentam agora é entender o comportamento do vetor, de forma a evitar novos surtos da doença. “Talvez os mosquitos estejam picando as pessoas dentro de casa, ou só ataquem em locais públicos; o certo é que, por meio do antigo método de controle, não poderíamos responder essas questões, pois não são as larvas que picam”, analisa.

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