A avifauna brasileira sofreu baixas consideráveis no início século 20 por causa da moda francesa, que exagerava no uso de penas e plumas. A matança foi tão grande que mobilizou cientistas e iniciou um movimento pela preservação dos pássaros brasileiros. Esse é o enredo da história contada pela professora Regina Horta Duarte durante sua participação na mesa-redonda Os trópicos entre a Ciência e a Natureza, a primeira do Festival de História (fHist) realizada neste sábado, dia 8, em Diamantina. O Fhist é promovido pela UFMG, Revista de História da Biblioteca Nacional, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e Prefeitura de Diamantina. A professora, que dedica ao estuda da interface história-meio ambiente, apresentou dados sobre o comércio de penas no Brasil naquela época, em grande parte direcionado à exportação: de 1901 a 1905, cerca de 600 quilos de penas foram vendidos no país. Entre 1910 e 1914, esse número subiu mais de 30 vezes, chegando a 20 mil quilos. Esses números, segundo ela, contemplam apenas o comércio legal, o que indica que tal quadro poderia ser ainda pior. História e território Para ele, os historiadores também podem dar sua contribuição ao novo Código Florestal: ”Muito da discussão em torno da nova legislação está relacionada à delimitação das áreas de preservação permanente com base no argumento de que não há mais espaço para o desenvolvimento. Mas a história desmonta isso. Nós temos muitas áreas ainda e não há necessidade de afrouxar a legislação para que a economia possa se desenvolver”, argumentou o professor da UFRJ.
Outro participante da mesa, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), José Augusto de Pádua, abordou a relação entre histórica e o futuro do território. “Na formação do Brasil havia a sensação de que a natureza era inesgotável. Era uma grande área continental, com uma população pequena que ocupava apenas algumas manchas. Havia muitas áreas abertas, o que gerava a sensação de que se poderia destruir aqui porque sempre haveria natureza mais adiante”, disse Pádua, ao lembrar que esse mito foi “destruído” pela história ambiental. “Da mata atlântica, por exemplo, que parecia um oceano sem fim de árvores, só restam 7%. E quando a olhamos para a floresta amazônica, temos que recorrer a esse passado para não repetir os mesmo erros”, destacou.