A anemia falciforme, muitas vezes considerada “doença de negros”, pode atingir indivíduos com grandes proporções de ancestralidade europeia. Essa é a conclusão do artigo Extensive admixture in Brazilian sickle cell patients: implications for the mapping of genetic modifiers, publicado ontem na revista Blood. O trabalho é resultado de uma parceria entre pesquisadores do Programa de Pós-graduação em Genética da UFMG e a Fundação Hemominas. O estudo alcançou todo o território mineiro, a partir da avaliação de duas amostras populacionais: doadores de sangue e pacientes com doença falciforme. A análise global dos portadores da doença revelou que 11,05% dos indivíduos têm alto nível de miscigenação africana e 15,58%, alto nível de miscigenação europeia, enquanto a vasta maioria (73,37%) apresenta níveis intermediários de miscigenação. Para o professor do Departamento de Genética da UFMG Eduardo Tarazona, “o resultado abre novas possibilidades para entender a enfermidade, ao questionar a ideia de ‘doenças raciais’”. O professor comemorou a publicação na Blood, que, segundo ele, é a mais importante revista na área de Hematologia.