Universidade Federal de Minas Gerais

Fotos de Foca Lisboa
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Espaço dedicado a Fernando Sabino: bateria e maior biblioteca do acervo

Acervo da Fale oferece a pesquisadores objetos que revelam trajetórias criativas de seis novos escritores mineiros

quinta-feira, 27 de outubro de 2011, às 7h08

Se a pesquisa sobre obras literárias não se baseia mais apenas na análise dos textos publicados, mas também em cartas, manuscritos rasurados, reflexões rabiscadas em papéis soltos – como preconiza a chamada crítica genética –, estudantes e pesquisadores têm seis novos e importantes “motivos” para incorporar a sua rotina visitas ao Acervo de Escritores Mineiros (AEM) da UFMG. O Centro de Estudos Literários e Culturais (Celc) da Faculdade de Letras (Fale) inaugurou na última semana os arquivos de seis novos autores: Carlos Herculano Lopes, Fernando Sabino, José Maria Cançado, Lucia Machado de Almeida, Octavio Dias Leite e Wander Piroli.

Localizado no terceiro andar do prédio da Biblioteca Central, no campus Pampulha, o AEM já contava com originais, objetos pessoais, bibliotecas e obras de arte de Abgar Renault, Cyro dos Anjos, Henriqueta Lisboa, Murilo Rubião e Oswaldo França Júnior. Parte dos objetos fica exposta em cenários que reproduzem os ambientes de trabalho dos escritores, com peças como estantes, mesas, máquinas de escrever e até alguns mais inesperados, como a bateria de Fernando Sabino, músico nas horas vagas.

Bibliotecários, técnicos especializados e bolsistas trabalham para oferecer infraestrutura operacional para a atividade de pesquisa, permitindo consulta no local, com acesso a bancos de dados da Universidade.

Trajetórias criativas
O material incorporado nos últimos anos e agora disponível – desde 60 cadernetas de bolso de Fernando Sabino até cartas trocadas entre Lucia Machado de Almeida e Cecília Meireles – vai ajudar a compreender as trajetórias criativas de cada um dos escritores, para além da crítica da obra considerada como texto acabado. “A crítica genética, que se desenvolveu em meados do século 20 na França, considera a virtualidade do texto, valorizando aspectos como palavras que foram substituídas no processo de escrita”, explica o professor Reinaldo Marques, diretor do Celc.

Ele exemplifica com as cartas trocadas entre Henriqueta Lisboa e Mário de Andrade, já estudadas pela professora emérita da UFMG Eneida Maria de Souza (leia mais), e com as anotações sobre estilo feitas por Rosário Fusco num exemplar da primeira edição de O encontro marcado, muitas delas incorporadas por Fernando Sabino na edição seguinte. Segundo ele, essa abordagem genética se expandiu para a arquitetura e a pintura (cujos estudos dão extrema relevância aos “esboços”) e até as ciências humanas. Essas páginas estão exibidas em vitrine que compõe a exposição O Laboratório do Escritor, que pode ser visitada no espaço do EAM. A mostra contém uma série de objetos que revelam o que os organizadores chamam de “bastidores da criação”.

Reinaldo Marques destaca que os arquivos do AEM permitem pesquisas diversas, incluindo aquelas com base em passagens e aspectos da vida do artista. “O arquivo literário potencializa a crítica biográfica e contribui para o resgate da ideia do autor como sujeito histórico”, ele diz. Segundo o professor da Fale, acervos da UFMG possibilitam também estudos sobre a recepção literária, tomando como objeto de investigação recortes de jornais e revistas que os escritores guardavam, com críticas e análises de suas obras. Ele conta, a propósito, que Abgar Renault e Carlos Drummond de Andrade, que viviam respectivamente em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro, trocavam recortes. Um separava e enviava ao outro o material a que este último não tinha acesso.

Tratamento museográfico
Segundo Reinaldo Marques, a preocupação com os arquivos de escritores ganhou força no Brasil na década de 1960, com a criação do Instituto de Estudos Brasileiros na USP, e as universidades têm desempenhado papel complementar importante, uma vez que os arquivos públicos não cumprem sua função nessa área. Ele conta que a Unicamp guarda acervos como os de Oswald de Andrade, Hilda Hilst e Sergio Buarque de Holanda. Na PUC gaúcha, estão os fundos documentais de Mario Quintana e Érico Veríssimo.

Uma característica do AEM que destaca a UFMG, de acordo com o diretor, é o tratamento também museográfico que é dispensado aos arquivos – ou seja, objetos pessoais e obras de arte, entre outras peças, são expostos de forma a que haja comunicação eficiente da informação contida no acervo. Para aprimorar o trabalho, o Centro de Estudos Literários e Culturais pretende incorporar futuramente arquivistas e museólogos ao seu quadro de servidores concursados.

Reinaldo Marques anuncia também a intenção de digitalizar e disponibilizar online o acervo, com o objetivo de ampliar o acesso e proteger os livros e objetos. Os projetos do Celc têm apoio da Faculdade de Letras da UFMG, da Fapemig, do CNPq e da Capes.

Os novos escritores
O único vivo entre os autores da nova safra do AEM é Carlos Herculano Lopes, escritor e jornalista. Entre seus objetos doados à UFMG estão as correspondências com Jorge Amado e Lygia Fagundes Telles. Reinaldo Marques conta que já solicitou ao escritor que guarde também peças como pen drives e discos rígidos, que no futuro serão fontes de pesquisa sobre autores das gerações atuais.

O acervo do poeta, advogado, jornalista e agitador cultural Octavio Dias Leite contém desenhos de Antonio Bandeiras, cartas de Graciliano Ramos e uma biblioteca “fantástica”, segundo Marques, com livros raros como primeiras edições de Clarice Lispector autografadas.

Wander Piroli, contista de temática urbana, aparece com cartas e documentos que revelam, entre outras facetas, sua paixão e seu conhecimento de Belo Horizonte.


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As doações da família de Lucia Machado de Almeida, que se dedicou especialmente à literatura infanto-juvenil, incluem móveis, objetos pessoais e um piano Pleyel, da primeira década do século 20. Há ainda cartas de Cecília Meireles e documentos relacionados a suas atividades em defesa do patrimônio histórico e cultural. Lucia escreveu os famosos “Passeios” a Sabará, Diamantina e Ouro Preto.

Do crítico literário José Maria Cançado, o AEM passa a disponibilizar dois livros inéditos de poemas e diários, que poderão ser editados pela UFMG, assim como suas críticas publicadas em jornais.

A biblioteca de Fernando Sabino é uma das maiores do AEM. Há também objetos pessoais, como sua bateria, que integraram uma exposição que correu o Brasil, cópias de filmes que poderão ser restauradas e 60 cadernetas de bolso com anotações que ainda não são conhecidas da equipe de pesquisadores da UFMG.

Conheça outros dados biográficos dos seis novos autores que compõem o Acervo de Escritores Mineiros.

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05/set, 12h48 - 'Domingo no campus': décima edição em galeria de fotos

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05/set, 9h18 - Pesquisador francês fará conferência sobre processos criativos na próxima semana

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05/set, 8h17 - Sessões do CineCentro em setembro têm musical, comédia e ficção científica

05/set, 8h10 - Concerto 'Jovens e apaixonados' reúne obras de Mozart nesta noite, no Conservatório

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