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Duas descobertas relacionadas ao tratamento da aterosclerose são os principais resultados de estudo que rendeu ao pesquisador Luciano dos Santos Aggum Capettini o Grande Prêmio UFMG de Teses. A pesquisa revela que o subtipo neuronal da enzima óxido nítrico sintase (nNOS) está presente também nos vasos sanguíneos – e não apenas nos neurônios, como se pensava. Além disso, o trabalho apontou que a enzima se encontra comprometida em artérias de animais com aterosclerose, favorecendo o surgimento das placas de gordura. A pesquisa também demonstrou, pela primeira vez, que um composto de origem vegetal, a xantona swertinina, pode ser útil no tratamento das alterações vasculares na aterosclerose, ao atuar exatamente na ativação da nNOS. “Várias plantas encontradas em abundância no Brasil são extremamente ricas em xantonas, como é o caso do abricó-do-pará e do gengibre selvagem”, exemplifica o pesquisador. Orientado pela professora Virgínia Soares Lemos, do Departamento de Fisiologia e Biofísica do ICB, o trabalho foi escolhido como a melhor tese defendida na UFMG em 2010 na área de Ciências Agrárias, Ciências Biológicas e Ciências da Saúde. Novas drogas Professor recém-concursado do Departamento de Farmacologia do ICB, Capettini realizou pós-doutorado na Suíça, com o tema aterosclerose. “Pretendo continuar o trabalho com os professores Virgínia Lemos e Steyner Cortes, este do Departamento de Farmacologia, nos estudos sobre novas drogas a partir de compostos naturais”, anuncia, ao destacar a colaboração de pesquisadores do Departamento de Química do Instituto de Ciências Exatas e da Faculdade de Farmácia. Ele comenta que os grupos de pesquisa liderados por Virgínia Lemos e Steyner Cortes têm recebido, de diversas instituições do país, em especial das regiões Norte e Nordeste, materiais para análise, em que prevalecem os extratos de plantas.
Princípio ativo presente em várias plantas, a xantona é objeto de estudos que focalizam o tratamento de doenças como aterosclerose, hipertensão e diabetes. Em sua pesquisa, Luciano Capettini avaliou o mecanismo de ação vasodilatadora de sete xantonas, entre as quais escolheu a 1,3-diOH-7,8-diOMe-xantona (swertinina), por ser a mais potente. “Nosso trabalho mostra que as xantonas induzem a dilatação das artérias por um mecanismo novo, ou seja, indicamos uma xantona natural como a primeira droga que induz vasodilatação pela estimulação da nNOS”, explica Capettini. Segundo ele, foi possível perceber que nos casos de aterosclerose a enzima nNOS está diminuída. A hipótese é que daí decorram as consequências dessa doença, como estreitamento das artérias.