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A professora Patrícia Kauark-Leite, do Departamento de Filosofia da Fafich, acaba de lançar Théorie quantique e philosophie transcendantale: dialogues possibles (editora Hermann). A obra, disponível por ora apenas em francês, analisa do ponto de vista filosófico, na perspectiva kantiana, as principais mudanças introduzidas pela teoria quântica no que diz respeito à questão da objetividade das teorias físicas. O livro é resultado de tese de doutorado realizada na École Polytechnique, em Paris, França, e defendida em 2004, sob orientação de Michel Bitbol, pesquisador consagrado na área da filosofia da mecânica quântica. Patrícia Kauark, que faz estudos de pós-doutorado na Stanford University (Califórnia, EUA), lembra que Immanuel Kant, pensador do século 18, tomou a física newtoniana como referência para tentar investigar até que ponto podemos estender as nossas pretensões de conhecimento. “Ele procurou evidenciar as condições ditas ‘transcendentais’ que fazem da física um conhecimento objetivamente válido, em resposta ao desafio cético proposto pelo filósofo empirista David Hume”, ela explica. No entanto, ainda de acordo com a física e filósofa, a teoria quântica, introduzida no século passado, subverteu por completo o modo de compreensão dos eventos físicos. “Lançou novos desafios em relação não apenas às nossas pretensões de objetividade, mas sobre a realidade dos termos teóricos introduzidos pelas teorias físicas e sobre o ideal de completude almejado. Minha tarefa nesse livro foi investigar se a perspectiva transcendental, como proposta por Kant, permanece uma alternativa epistemológica viável dadas as mudanças introduzidas na física do século 20, em particular pela mecânica quântica padrão”, diz Patrícia Kauark-Leite. Por ocasião da defesa da tese, o trabalho foi indicado para publicação pela banca, mas a indicação só se concretizou há quase dois anos. Patrícia teve contato com organizadores da Coleção Visions des Sciences, da editora Hermann, e submeteu a proposta de livro ao conselho editorial da empresa. Aprovada a proposta, a pesquisadora iniciou trabalho de redução e revisão do texto original.
Patrícia Kauark vai encerrar sua temporada em Stanford em meados deste ano. Ela conta que trabalha em colaboração com Michael Friedman e Thomas Ryckman, especialistas renomados em filosofia da física e filosofia kantiana. São dois os projetos de pesquisa: um sobre a validade do princípio de causalidade no contexto da teoria quântica e outro sobre a perspectiva transcendental no âmbito do estruturalismo científico em filosofia da física.