Universidade Federal de Minas Gerais

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Vanya Pasa: várias frentes de pesquisa com biocombustíveis

Biocombustíveis e petróleo podem 'partilhar' matriz energética, afirma coordenadora de laboratório da UFMG

sexta-feira, 1 de junho de 2012, às 9h07

Pesquisas de métodos de análises mais simples e baratos, estudo de aplicações para subprodutos, como a glicerina, e produção de bioquerosene para aviação estão entre as linhas de investigação sobre biocombustíveis em andamento na UFMG. Alguns desses trabalhos são desenvolvidos no âmbito do Laboratório de Ensaios de Combustíveis (LEC), que realiza, até esta sexta-feira, no campus Pampulha, o 1º Workshop sobre Biocombustíveis, atividade relacionada ao Programa de Recursos Humanos em Química de Biocombustíveis, o PRH-46, mantido pelo Departamento de Química em parceria com a Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Em entrevista ao Portal da UFMG, a professora Vanya Pasa, coordenadora do LEC, aborda o programa de formação de profissionais para atuar na cadeia produtiva, traça um panorama das pesquisas na Universidade e discute o impacto que a exploração da camada de petróleo do pré-sal pode provocar sobre o interesse em torno dos biocombustíveis. “Seria um erro desacelerar o desenvolvimento dos biocombustíveis acreditando na exploração do pré-sal como solução para todos os nossos problemas”, afirma a professora, que acredita ser possível “diluir a matriz energética”, com o uso das duas fontes, biomassa e petróleo.

Como avalia o estágio das pesquisas em biocombustíveis na UFMG?
São várias as linhas de pesquisa na UFMG na área: catálise heterogênea para a produção de biocombustíveis, transformação da glicerina, subproduto do biodiesel, em outros produtos, estudos com biocombustíveis em motores desenvolvidos por colegas da Engenharia. O nosso grupo trabalha, ainda, com novas metodologias, mais simples e baratas, para análise de combustíveis, e desenvolvemos também bioquerosene de aviação. Já houve alguns voos experimentais com bioquerosene, e a indústria está trabalhando fortemente nesse sentido. Muitas são as rotas em desenvolvimento. Biocombustíveis é uma área importante, estratégica.

O laboratório recebe financiamento?
Nosso laboratório recebe financiamento para pesquisas e também vende serviços para o programa de monitoramento de combustíveis. Realizamos vários projetos, muitas teses já foram desenvolvidas e temos hoje dois alunos de pós-doutorado. E há também essa vertente de formação de recursos humanos, um projeto do Departamento de Química financiado pela Agência Nacional de Petróleo e pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, por meio da Finep. Esse programa visa a formar alunos de graduação, mestrado e doutorado e até de pós-doutorado em química de biocombustíveis. Alguns alunos recebem bolsas que envolvem projetos de pesquisa na área e eles também cursam disciplinas complementares. Temos ainda que promover a interação desses alunos com toda a cadeia produtiva.

Que tipo de formação é oferecida a esses profissionais?
No curso de graduação, há disciplinas que abordam a química do petróleo, as relacionadas ao álcool envolvem aspectos da produção do combustível a partir da cana, do milho, combustíveis de segunda geração, questões ambientais, ganhos e problemas, riscos. Tem também a parte de qualidade, dos sistemas de gestão e certificações. Damos também enfoque à legislação vigente, porque não basta estudar química, o profissional precisa conhecer a legislação que envolve o setor. A ideia é que ele esteja bem preparado em vários aspectos.

Como o laboratório trabalha com os biocombustíveis?
No caso dos biocombustíveis, a gente trabalha em todos os sentidos. Quando monitoramos os combustíveis, monitoramos também os biocombustíveis, porque a gasolina brasileira tem de 20% a 25% de álcool em sua composição. Não há mais diesel 100% de petróleo, o que temos hoje é um diesel aditivado com biodiesel, um B5, com 5%.

Essas análises são feitas a partir de amostras?
Sim. As amostras são coletadas nos postos revendedores de 550 municípios de Minas Gerais. A partir do banco de dados formado com as amostras e informações de que dispomos, é possível visualizar os problemas do mercado e propor projetos.

A tecnologia de biocombustíveis é nova se comparada às relacionadas aos derivados fósseis. Por isso, talvez exija ainda ajustes e aperfeiçoamentos, principalmente em relação à performance. Como a senhora analisa o estágio dessas tecnologias de produção de combustíveis verdes na comparação, por exemplo, com o petróleo?
Entendo que os combustíveis fósseis estejam inquestionavelmente consolidados. O Brasil tem um programa de etanol de cana de mais de 30 anos. Acredito que o etanol brasileiro é o mais amadurecido em âmbito mundial. Temos ainda um desafio que é a produção do etanol de segunda geração. O Brasil está correndo atrás dessa tecnologia, baseada na produção a partir da celulose. Em vez de utilizar o caldo, como no caso da cana, em que se retira o açúcar para fermentação, trabalha-se com o bagaço. A celulose é separada para que suas moléculas sejam quebradas e possamos extrair um açúcar passível de fermentação. Mas isso não é fácil de fazer, demanda trabalho e investimentos. Essa será, nos próximos dois ou três anos, a área prioritária no ramo de pesquisa com etanol.

O que essa modalidade de etanol representa em termos de preservação ambiental?

Trata-se de um avanço muito grande em termos de aproveitamento energético. Imagine que poderemos aproveitar uma gama de resíduos - palha, lixo, madeira velha, pó de serragem, capim, grama, gramínea, tudo o que é constituído de celulose, e submeter ao processo. Poderemos transformar lixo em produto de valor. Agora, na questão do biodiesel, o programa brasileiro ainda é muito recente. Embora tenhamos muitas indústrias e uma produção expressiva, acredito que ainda caminhamos para o aperfeiçoamento dos processos produtivos. No que tange à qualidade, temos ajustes a fazer, como a diminuição do teor de água. É necessária ainda toda uma adaptação da cadeia produtiva para receber o biodiesel no mercado.

Com as perspectivas de exaustão das reservas de petróleo, os biocombustíveis se tornaram uma espécie de “menina dos olhos” do governo brasileiro e um diferencial competitivo do Brasil em termos energéticos. A descoberta recente da camada do pré-sal pode provocar a redução dos investimentos em biocombustíveis?
Empresas do setor de petróleo estão muito entusiasmadas com a exploração do pré-sal, e isso talvez diminua um pouco o interesse, mesmo no caso de empresas, como a Petrobrás, que tem uma área que cuida de bicombustíveis. O grande negócio hoje é o pré-sal, mas eu acredito que sejam coisas distintas, que merecem investimentos por razões diferentes. Se você problematizar a questão das mudanças climáticas, muito está relacionado ao excesso de CO2 na atmosfera, ou seja, ao desequilíbrio do consumo de carbono - esse carbono que estava amortecido debaixo da terra e que nós retiramos, utilizamos e jogamos na atmosfera. Os biocombustíveis chegam como uma alternativa para tentar equilibrar essa equação, pois não podemos nos esquecer do compromisso ambiental. Do ponto de vista energético, é muito bom que o Brasil tenha abundantes reservas de petróleo, não precise se submeter a pressões de outros países, conquiste a autossuficiência e possa até exportar. Mas seria um erro desacelerar o desenvolvimento dos biocombustíveis acreditando na exploração do pré-sal como solução para todos os nossos problemas. Defendo o compromisso de perenizar nossa responsabilidade com as novas gerações. Não falo de substituição, mas em uso partilhado, podemos diluir essa matriz. Não sabemos também a dimensão do pré-sal em termos de custos, essa descoberta exigirá esforços muito grandiosos, e os biocombustíveis já são uma realidade. O Brasil é um país muito grande, temos muitas pessoas trabalhando, podemos comportar vários segmentos de desenvolvimento energético.

A senhora então não crê na desaceleração de pesquisas e investimentos nos biocombustíveis...
Acredito que não, pois já existe uma cadeia industrial consolidada em relação ao álcool, e grandes empresas, como a Petrobrás, que trabalham com biodiesel. Antes de a ANP assumir o controle, não havia mesmo uma visão estratégica do governo brasileiro para o gerenciamento da produção de etanol. Quando essa função recentemente foi atribuída à ANP, o etanol deixou de ficar sujeito aos donos das usinas, pois agora eles precisam assumir o compromisso de produzir certo volume para suprir o mercado. O que nós perdemos foi a urgência no desenvolvimento de novas tecnologias para a produção de biocombustíveis, mas o foco continua.

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